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Quinta-feira, 17.05.12
Crenças e Negações
O Egito
Às portas do deserto erguem-se os templos, os pilonos e as pirâmides, florestas de pedra debaixo de um céu de fogo. As esfinges, retraídas e sonhadoras, contemplam a planície, e as necrópoles, talhadas na rocha, abrem seus sólios profundos à margem do rio silencioso. É o Egito, terra estranha, livro venerável, no qual o homem moderno apenas começa a soletrar o mistério das idades, dos povos e das religiões.[i]A Índia, diz a maior parte dos orientalistas, comunicou ao Egito a sua civilização e a sua fé; outros, não menos eruditos, afirmam que, em época remota, já a terra de Ísis possuía suas próprias tradições.[ii] Estas são a herança de uma raça extinta, a vermelha, que ocupava todo o continente austral, e que foi aniquilada por lutas formidáveis contra os brancos e por cataclismos geológicos. A Esfinge de Gizé, anterior em vários milhares de anos à grande pirâmide,[iii] e levantada pelos vermelhos no ponto em que o Nilo se juntava então ao mar,[iv] é um dos raros monumentos que esses tempos remotos nos legaram.
A leitura das estrelas,[v] a dos papiros encontrados nos túmulos, permite reconstituir a história do Egito, ao mesmo tempo em que essa antiga doutrina do Verbo-Luz, divindade de tríplice natureza, simultaneamente inteligência, força e matéria: espírito, alma e corpo, que oferece uma analogia perfeita com a filosofia da Índia. Aqui, como lá, encontra-se, debaixo da grosseira forma cultual, o mesmo pensamento oculto. A alma do Egito, o segredo da sua vitalidade, o do seu papel histórico, é a doutrina oculta dos seus sacerdotes, cuidadosamente velada sob os mistérios de Ísis e Osíris, e experimentalmente analisada, no fundo dos templos, por iniciados de todas as classes e de todos os países.
Sob formas austeras, os princípios dessa doutrina eram expressos pelos livros sagrados de Hermes, que constituíam uma vasta enciclopédia. Ali se encontravam classificados os conhecimentos humanos, mas nem todos os livros chegaram até nós. A ciência religiosa do Egito foi-nos restituída sobretudo pela leitura dos hieróglifos. Os templos são igualmente livros, e pode-se dizer que na terra dos faraós as pedras têm voz.
Um dos grandes sábios modernos, Champollion, descobriu três espécies de escrita nos manuscritos e sobre os templos egípcios.[vi] Por aí ficou confirmada a opinião dos antigos, isto é, que os sacerdotes empregavam três classes de caracteres: os primeiros, demóticos, eram simples e claros; os segundos, hieráticos, tinham um sentido simbólico e figurado; os outros eram hieróglifos. É o que Heráclito exprimia pelos termos de falante, significante e ocultante.
Os hieróglifos tinham um triplo sentido e não podiam ser decifrados sem chave. A esses sinais aplicava-se a lei da analogia que rege os mundos: natural, humano e divino, e que permite exprimir os três aspectos de todas as coisas por combinações de números e figuras, que reproduzem a simetria harmoniosa e a unidade do Universo. É assim que, num mesmo sinal, o adepto lia, ao mesmo tempo, os princípios, as causas e os efeitos, e essa linguagem tinha para ele extraordinário valor. Saído de todas as classes da sociedade, mesmo das mais ínfimas, o sacerdote era o verdadeiro senhor do Egito; os reis, por ele escolhidos e iniciados, só governavam a nação a titulo de mandatários. Altas concepções, uma profunda sabedoria, presidiam aos destinos desse país. No meio do mundo bárbaro, entre a Assíria feroz, apaixonada, e a África selvagem, a terra dos faraós era como uma ilha açoitada pelas ondas em que se conservavam as puras doutrinas, a ciência secreta do mundo antigo.
Os sábios, os pensadores, os diretores de povos, gregos, hebreus, fenícios, etruscos, iam beber nessa fonte. Por intermédio deles, o pensamento religioso derramava-se dos santuários de Ísis sobre todas as praias do Mediterrâneo, fazendo despontar civilizações diversas, dessemelhantes mesmo, conforme o caráter dos povos que as recebiam, tornando-se monoteísta, na Judéia, com Moisés, politeísta, na Grécia, com Orfeu, porém uniforme em seu princípio oculto, em sua essência misteriosa.
O culto popular de Ísis e de Osíris não era senão uma brilhante miragem oferecida à multidão. Debaixo da pompa dos espetáculos e das cerimônias públicas ocultava-se o verdadeiro ensino dos pequenos e grandes mistérios. A iniciação era cercada de numerosos obstáculos e de reais perigos. As provas físicas e morais eram longas e múltiplas. Exigia-se o juramento de sigilo, e a menor indiscrição era punida com a morte. Essa temível disciplina dava forma e autoridade incomparáveis à religião secreta e à iniciação. À medida que o adepto avançava em seu curso, descortinavam-se-lhe os véus, fazia-se mais brilhante a luz, tornavam-se vivos e animados os símbolos.
A Esfinge, cabeça de mulher em corpo de touro, com garras de leão e asas de águia, era a imagem do ser humano emergindo das profundezas da animalidade para atingir a sua nova condição. O grande enigma era o homem, trazendo em si os traços sensíveis da sua origem, resumindo todos os elementos e todas as forças da natureza inferior.
Deuses extravagantes com cabeça de pássaros, de mamíferos, de serpentes, eram outros símbolos da vida, em suas múltiplas manifestações. Osíris, o deus solar, e Ísis, a grande Natureza, eram celebrados por toda parte; mas, acima deles, havia um Deus inominado, de que só se falava em voz baixa e com timidez.
Antes de tudo, o neófito aprendia a conhecer-se. O hierofante falava-lhe assim:
“Oh! alma cega, arma-te com o facho dos mistérios e, na noite terrestre, descobrirás teu dúplice luminoso, tua alma celeste. Segue esse gênio divino e que ele seja teu guia, porque tem a chave das tuas existências passadas e futuras.”
No fim de suas provas, fatigado pelas emoções, tendo dez vezes encarado a morte, o iniciado via aproximar-se dele uma imagem de mulher, trazendo um rolo de papiros.
“Sou tua irmã invisível, dizia ela, sou tua alma divina, e isto é o livro da tua vida. Ele encerra as páginas cheias das tuas existências passadas e as páginas brancas das tuas vidas futuras. Um dia as desenrolarei todas diante de ti. Agora me conheces. Chama-me e eu virei.”
Enfim, na varanda do templo, debaixo do céu estrelado, diante de Mênfis ou Tebas adormecidas, o sacerdote contava ao adepto a visão de Hermes, transmitida vocalmente de pontífice a pontífice e gravada em sinais hieroglíficos nas abóbadas das criptas subterrâneas.
Um dia, Hermes viu o espaço, os mundos e a vida, que em todos os lugares se expandia. A voz da luz que enchia o infinito revelou-lhe o divino mistério:
“A luz que viste é a Inteligência Divina que contêm todas as coisas sob seu poder e encerra os moldes de todos os seres.
“As trevas são o mundo material em que vivem os homens da Terra.
“O fogo que brota das profundezas é o Verbo Divino:
Deus é o Pai, o Verbo é o Filho, sua união faz a Vida.
“O destino do Espírito humano tem duas fases: cativeiro na matéria, ascensão na luz. As almas são filhas do céu, e a viagem que fazem é uma prova. Na encarnação perdem a reminiscência de sua origem celeste. Cativas pela matéria, embriagadas pela vida, elas se precipitam como uma chuva de fogo com estremecimentos de volúpia, através da região do sofrimento, do amor e da morte, até à prisão terrestre em que tu mesmo gemes, e em que a vida divina parece-te um sonho vão.
“As almas inferiores e más ficam presas à Terra por múltiplos renascimentos, porém as almas virtuosas sobem voando para as esferas superiores, onde recobram a vista das coisas divinas. Impregnam-se com a lucidez da consciência esclarecida pela dor, com a energia da vontade adquirida pela luta. Tornam-se luminosas, porque possuem o divino em si próprias e irradiam-no em seus atos. Reanima pois teu coração, ó Hermes, e tranqüiliza teu espírito obscurecido pela contemplação desses vôos de almas subindo a escala das esferas que conduz ao Pai, onde tudo se acaba, onde tudo começa eternamente. E as sete esferas disseram juntas: Sabedoria! Amor! Justiça! Beleza! Esplendor! Ciência! Imortalidade!”.[vii]O pontífice acrescentava:
“Medita sobre esta visão. Ela encerra o segredo de todas as coisas. Quanto mais souberes compreendê-la, tanto mais verás se alargarem os seus limites, porque governa a mesma lei orgânica os mundos todos. Entretanto, o véu do mistério cobre a grande verdade, pois o conhecimento total desta só pode ser revelado àqueles que atravessarem as mesmas provas que nós. É preciso medir a verdade segundo as inteligências, velá-la aos fracos porque os tornaria loucos, ocultá-la aos maus que dela fariam arma de destruição. A ciência será tua força, a fé tua espada, o silêncio teu escudo.”
A ciência dos sacerdotes do Egito ultrapassava em bastantes pontos a ciência atual. Conheciam o Magnetismo, o Sonambulismo, curavam pelo sono provocado e praticavam largamente a sugestão. É o que eles chamavam “Magia”.[viii]O alvo mais elevado a que um iniciado podia aspirar era a conquista desses poderes, cujo emblema era a coroa dos magos.
“Sabei, diziam-lhe, o que significa esta coroa. Tua vontade, que se une a Deus para manifestar a verdade e operar a justiça, participa, já nesta vida, da potência divina sobre os seres e sobre as coisas, recompensa eterna dos espíritos livres”.
O gênio do Egito foi prostrado pela onda das invasões. A escola de Alexandria colheu algumas das suas parcelas, que transmitiu ao Cristianismo nascente. Antes disto, porém, os iniciados gregos tinham feito penetrar as doutrinas herméticas na Hélade. É aí que vamos encontrá-las.
[i] Ver as obras de François Lenormant e Maspéro.[ii] Maneton atribui aos templos egípcios uma tradição de trinta mil anos.[iii] Um manuscrito da quarta dinastia (4000 anos a.C.) relata que a Esfinge, enterrada nas areias e olvidada desde séculos, foi encontrada fortuitamente nessa época. (Histoire d’Orient, por Lenormant.)[iv] O delta atual foi formado pelas aluviões sucessivas depositadas pelo Nilo.[v] Colunas herméticas.
[vi] L’Egypte sous le Pharaons, por Champollion.
[vii] Ver Pimander. o mais autêntico dos livros de Hermes Trimegisto.[viii] Diodoro da Sicilia e Estrabão referem que os sacerdotes do antigo Egito sabiam provocar a clarividência com um fim terapêutico. Galien menciona um templo perto de Mênfis, célebre por curas hipnóticas.
LEON DENIS
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Crenças e Negações -A Índia
Quinta-feira, 17.05.12
Crenças e Negações
A Índia
Dissemos que a doutrina secreta achava-se no fundo de todas as religiões e nos livros sagrados de todos os povos. De onde veio ela? Qual a sua origem? Quais os homens que a conceberam e fizeram depois a sua descrição? As mais antigas escrituras são as que resplandecem nos céus.[i]Esses mundos estelares que, através das noites calmas, deixam cair serenas claridades, constituem as escrituras eternas e divinas de que fala Dupuis. Os homens têm-nas, sem dúvida, consultado antes de escrever; mas os primeiros livros em que se encontra exposta a grande doutrina são os Vedas. É o molde em que se formou a religião primitiva da Índia, religião inteiramente patriarcal, simples e pura, como uma existência desprovida de paixões, passando vida tranqüila e forte ao contacto da natureza esplêndida do Oriente.[ii]Os hinos védicos igualam em grandeza e elevação moral a tudo o que, no decorrer dos tempos, o sentimento poético engendrou de mais belo. Celebram Agni, o fogo, símbolo do Eterno Masculino ou Espírito Criador; Sorna, o licor do sacrifício, símbolo do Eterno Feminino, Alma do Mundo, substância etérea. Em sua união perfeita, esses dois princípios essenciais do Universo constituem o Ser Supremo, Zians ou Deus.O Ser Supremo imola-se a si próprio e divide-se para produzir a vida universal. Assim, o mundo e os seres saídos de Deus voltam a Deus por uma evolução constante. Daí a teoria da queda e da reascensão das almas que se encontra no Oriente. Ao sacrifício do fogo resume-se todo o culto védico. Ao levantar do dia, o chefe de família, pai e sacerdote ao mesmo tempo, acendia a chama sagrada no altar da Terra e, assim, para o céu azul, subia alegre a prece, a invocação de todos à Força única e viva, que está coberta pelo véu transparente da Natureza.Enquanto se cumpre o sacrifício, dizem os Vedas, os Assuras ou Espíritos superiores e os Pitris ou almas dos antepassados cercam os assistentes e se associam às suas preces. Portanto, a crença nos Espíritos remonta às primeiras idades do mundo.Os Vedas afirmam a imortalidade da alma e a reencarnação:“Há uma parte imortal do homem que é aquela, o Agni, que cumpre aquecer com teus raios, inflamar com teus fogos. – De onde nasceu a alma? Umas vêm para nós e daqui partem, outras partem e tornam a voltar.”Os Vedas são monoteístas; as alegorias que se encontram em cada página apenas dissimulam a imagem da grande Causa primária, cujo nome, cercado de santo respeito, não podia, sob pena de morte, ser pronunciado. As divindades secundárias ou devas personificam os auxiliares inferiores do Ser Supremo, as forças vivas da Natureza e as qualidades morais.Do ensino dos Vedas decorria toda a organização da sociedade primitiva, o respeito à mulher, o culto dos antepassados, o poder eletivo e patriarcal. Os homens viviam felizes, livres e em paz.Durante a época védica, na vasta solidão dos bosques, nas margens dos rios e lagos, anacoretas ou rishis passavam os dias no retiro. Intérpretes da ciência oculta, da doutrina secreta dos Vedas, eles possuíam já esses misteriosos poderes, transmitidos de século em século, de que gozam ainda os faquires e os jogues. Dessa confraria de solitários saiu o pensamento inovador, o primeiro impulso que fez do Bramanismo a mais colossal das teocracias.Krishna, educado pelos ascetas no seio das florestas de cedros que coroam os píncaros nevoentos do Himalaia, foi o inspirador das crenças dos hindus. Essa grande figura aparece na História como o primeiro dos reformadores religiosos, dos missionários divinos. Renovou as doutrinas védicas, apoiando-se sobre as idéias da Trindade, da imortalidade da alma e de seus renascimentos sucessivos. Selada a obra com o seu próprio sangue, deixou a Terra, legando à Índia essa concepção do Universo e da Vida, esse ideal superior em que ela tem vivido durante milhares de anos.Sob nomes diversos, pelo mundo espalhou-se essa doutrina com todas as migrações de homens, de que foi origem a região da Índia. Essa terra sagrada não é somente a mãe dos povos e das civilizações, é também o foco das maiores inspirações religiosas.Krishna, rodeado por um certo número de discípulos, ia de cidade em cidade espalhar os seus ensinos:“O corpo – dizia ele [iii] –, envoltório da alma, que aí faz sua morada, é uma coisa finita; porém, a alma que o habita é invisível, imponderável e eterna.
“O destino da alma depois da morte constitui o mistério dos renascimentos. Assim como as profundezas do céu se abrem aos raios dos astros, assim também os recônditos da vida se esclarecem à luz desta verdade.“Quando o corpo entra em dissolução, se a pureza é que o domina, a alma voa para as regiões desses seres puros que têm o conhecimento do Altíssimo. Mas, se é dominado pela paixão, a alma vem de novo habitar entre aqueles que estão presos às coisas da Terra. Assim, a alma, obscurecida pela matéria e pela ignorância, é novamente atraída para o corpo de seres irracionais.“Todo renascimento, feliz ou desgraçado, é conseqüência das obras praticadas nas vidas anteriores.“Há, porém, um mistério maior ainda. Para atingir a perfeição, cumpre conquistar a ciência da Unidade, que está acima de todos os conhecimentos; é preciso elevar-se ao Ser divino, que está acima da alma e da inteligência. Esse Ser divino está também em cada um de nós:“Trazes em ti próprio um amigo sublime que não conheces, pois Deus reside no interior de todo homem, porém poucos sabem achá-lo. Aquele que faz o sacrifício de seus desejos e de suas obras ao Ser de que procedem os princípios de todas as coisas, obtém por tal sacrifício a perfeição, porque, quem acha em si mesmo sua felicidade, sua alegria, e também sua luz, é um com Deus. Ora, fica sabendo, a alma que encontrou Deus está livre do renascimento e da morte, da velhice e da dor, e bebe a água da imortalidade.”
Krishna falava na sua missão e da sua própria natureza em termos sobre os quais convém meditar. Dirigindo-se aos seus discípulos, dizia:“Tanto eu como vós temos tido vários nascimentos. Os meus só de mim são conhecidos, porém vós nem mesmo os vossos conheceis. Posto que, por minha natureza, eu não esteja sujeito a nascer e a morrer, todas as vezes que no mundo declina a virtude, e que o vício e a injustiça a superam, torno-me então visível; assim me mostro, de idade em idade, para salvação do justo, para castigo do mau, e para restabelecimento da verdade.“Revelei-vos os grandes segredos. Não os digais senão àqueles que os podem compreender. Sois os meus eleitos: vedes o alvo, a multidão só descortina uma ponta do caminho.” [iv]Por essas palavras a doutrina secreta estava fundada. Apesar das alterações sucessivas que teve de suportar, ela ficará sendo a fonte da vida em que, na sombra e no silêncio, se inspiram todos os grandes pensadores da antiguidade.A moral de Krishna também era muito pura:“Os males com que afligimos o próximo perseguem-nos, assim como a sombra segue o corpo. – As obras inspiradas pelo amor dos nossos semelhantes são as que mais pesarão na balança celeste. – Se convives com os bons, teus exemplos serão inúteis; não receeis habitar entre os maus para os reconduzir ao bem. – O homem virtuoso é semelhante a uma árvore gigantesca, cuja sombra benéfica permite frescura e vida às plantas que a cercam.”Sua linguagem elevava-se ao sublime quando falava da abnegação e do sacrifício:“O homem de bem deve cair aos golpes dos maus como o sândalo que, ao ser abatido, perfuma o machado que o fere.”Quando os sofistas pediam que explicasse a natureza de Deus, respondia-lhes:“Só o infinito e o espaço podem compreender o infinito. Somente Deus pode compreender a Deus.”Dizia ainda:“Nada do que existe pode perecer, porque tudo está contido em Deus. Visto isso, não é alvitre sábio chorarem-se os vivos ou os mortos, pois nunca todos nós cessaremos de subsistir além da vida presente.” [v]Sobre a comunicação dos Espíritos:“Muito tempo antes de se despojarem de seu envoltório mortal, as almas que só praticaram o bem adquirem a faculdade de conversar com as almas que as precederam na vida espiritual.”É isto o que, ainda em nossos dias, afirmam os brâmanes pela doutrina dos Pitris, mesmo porque, em todos os tempos, a evocação dos mortos tem sido uma das formas da sua liturgia.Tais são os principais pontos dos ensinos de Krishna, que se encontram nos livros sagrados conservados ainda nos santuários do sul do Indostão.A princípio, a organização social da Índia foi calcada pelos brâmanes sobre suas concepções religiosas. Dividiram a sociedade em três classes, segundo o sistema ternário; mas, pouco a pouco, tal organização degenerou em privilégios sacerdotais e aristocráticos. A hereditariedade impôs os seus limites estreitos e rígidos às aspirações de todos. A mulher, livre e honrada nos tempos védicos, tornou-se escrava, e dos filhos só soube fazer escravos, igualmente. A sociedade condensou-se num molde implacável, a decadência da Índia foi a sua conseqüência inevitável. Petrificado em suas castas e seus dogmas, esse país teve um sono letárgico, imagem da morte, que nem mesmo foi perturbado pelo tumulto das invasões estrangeiras! Acordará ainda? Só o futuro poderá dizê-lo.Os brâmanes, depois de terem estabelecido a ordem e constituído a sociedade, perderam a Índia por excesso de compressão. Assim também, despiram toda a autoridade moral da doutrina de Krishna, envolvendo-a em formas grosseiras e materiais.Se considerarmos o Bramanismo somente pelo lado exterior e vulgar, por suas prescrições pueris, cerimonial pomposo, ritos complicados, tábulas e imagens de que é tão pródigo, seremos levados a nele não ver mais que um acervo de superstições. Seria, porém, erro julgá-lo unicamente pelas suas aparências exteriores. No Bramanismo, como em todas as religiões antigas, cumpre distinguir duas coisas:• Uma é o culto e o ensino vulgar, repletos de ficções que cativam o povo, auxiliando a conduzi-lo pelas vias da submissão. A esta ordem de idéias liga-se o dogma da metempsicose ou renascimento das almas culpadas em corpos de animais, insetos ou plantas, espantalho destinado a atemorizar os fracos, sistema hábil imitado pelo Catolicismo quando concebeu os mitos de Satanás, do inferno e dos suplícios eternos;
• A outra é o ensino secreto, a grande tradição esotérica que fornece sobre a alma e seus destinos, e sobre a causa universal, as mais puras e elevadas reflexões. Para conseguir isso, é necessário penetrar-se nos mistérios dos pagodes, folhear os manuscritos que estes encerram e interrogar os brâmanes sábios.
*Cerca de seiscentos anos antes da era Cristã, um filho de rei, Çãkyamuni ou o Buddha, foi acometido de profunda tristeza e imensa piedade pelos sofrimentos dos homens. A corrupção invadira a Índia, logo depois de alteradas as tradições religiosas, e, em seguida, vieram os abusos da teocracia ávida do poder. Renunciando às grandezas, à vida faustosa, o Buddha deixa o seu palácio e embrenha-se na floresta silenciosa. Após longos anos de meditação, reaparece para levar ao mundo asiático senão uma crença nova, ao menos uma outra expressão da Lei.Segundo o Budismo,[vi] está no desejo a causa do mal, da dor, da morte e do renascimento. É o desejo, é a paixão que nos prende às formas materiais e que desperta em nós mil necessidades sem cessar, reverdecentes e nunca saciadas, tornando-se assim, outros tantos tiranos. O fim elevado da vida é arrancar a alma aos turbilhões do desejo. Consegue-se isso pela reflexão, austeridade, pelo desprendimento de todas as coisas terrenas, pelo sacrifício do eu, pela isenção do cativeiro egoísta da personalidade. A ignorância é o mal soberano de que decorrem o sofrimento e a miséria; o principal meio para se melhorar a vida no presente e no futuro é adquirir-se o conhecimento.
O conhecimento compreende a ciência da natureza visível e invisível, o estudo do homem e dos princípios das coisas. Estes são absolutos e eternos. O mundo, saído por sua própria atividade de um estado uniforme, está numa evolução contínua. Os seres, descidos do Grande-Todo a fim de operarem o problema da Perfeição, inseparável do estado de liberdade e, por conseguinte, do movimento e do progresso, tendem sempre a voltar ao Bem perfeito. Não penetram no mundo da forma senão para trabalharem no complemento da sua obra de aperfeiçoamento e elevação. Podem realizar isso pela Ciência, ou Upanishaci, e completá-lo pelo Amor, ou Purana.A Ciência e o Amor são dois fatores essenciais do Universo. Enquanto não adquire o amor, o ser está condenado a prosseguir na série das reencarnações terrestres.Sob a influência de tal doutrina, o instinto egoísta vê estreitar-se pouco a pouco o seu circulo de ação. O ser aprende a abraçar num mesmo amor tudo o que vive e respira; e isto nada mais é que um dos degraus da sua evolução, pois esta deve conduzi-lo a só amar o eterno princípio de que emana todo o amor, e para onde todo ele deve necessariamente voltar. Esse estado é o do Nirvana.Essa expressão, diversamente comentada, tem causado muitos equívocos. Em conformidade com a doutrina secreta do Budismo,[vii] o Nirvana não é, como ensina a Igreja do Sul e o Grã-Sacerdote do Ceilão, a perda da individualidade e o esvaecimento do ser no nada, mas sim a conquista, pela alma, da perfeição, e a libertação definitiva das transmigrações e dos renascimentos no seio das humanidades. Cada qual executa o seu próprio destino. A vida presente, com suas alegrias e dores, não é senão a conseqüência das boas ou más ações operadas livremente pelo ser nas existências anteriores.
O presente explica-se pelo passado, não só para o mundo tomado em seu conjunto, como também para cada um dos seres que o compõem. Designa-se por Carma toda a soma de méritos ou de deméritos adquiridos pelo ser. O Carma é para este, em todos os instantes da sua evolução, o ponto de partida do futuro, o motor de toda a justiça distributiva:“Em Buddha[viii] uno-me à dor de todos os meus irmãos e, entretanto, sorrio e sinto-me contente porque vejo que a liberdade existe. Sabei, ó vós que sofreis; mostro-vos a verdade; tudo o que somos é resultante do que fomos no passado. Tudo é fundado sobre nossos pensamentos; tudo é obra dos próprios pensamentos. Se as palavras e ações de um homem obedecem a um pensamento puro, a liberdade segue-o como uma sombra. O ódio jamais foi apaziguado pelo ódio, pois não é vencido senão pelo amor. Assim como a chuva passa através de uma casa mal coberta, assim a paixão atravessa um espírito pouco refletido. Pela reflexão, moderação e domínio de si próprio, o homem transforma-se numa rocha que nenhuma tempestade pode abater. O homem colhe aquilo que semeou. Eis a doutrina do Carma.”
A maior parte das religiões recomenda-nos fazer o bem em vista de uma recompensa de além-túmulo. Está aí um móbil egoísta e mercenário que não se encontra do mesmo modo no Budismo. É necessário praticar o bem, diz Léon de Rosny,[ix] porque o bem é o fim supremo da Natureza. É conformando-se às exigências dessa lei que se adquire a única satisfação verdadeira, a mais bela que pode apreciar o ser desprendido dos entraves da forma e das atrações do desejo, causas contínuas de decepção e de sofrimento.
A compaixão do Budismo, sua caridade, estende-se a todos os seres. Segundo ele, todos são destinados ao Nirvana. E, por seres, devem entender-se os animais, os vegetais e mesmo os corpos inorgânicos. Todas as formas da vida se encadeiam, de acordo com a lei grandiosa da evolução e do transformismo. Em parte alguma do universo deixa de existir vida. A morte não é senão uma ilusão, um dos agentes da vida que exige um renovamento contínuo e transformações incessantes. O inferno, para os iniciados na doutrina, não é outra coisa senão o remorso e a ausência do amor. O purgatório está em toda parte onde se encontra a forma e onde evoluciona a matéria. Está em nosso globo, ao mesmo tempo em que nas profundezas do firmamento estrelado.O Buddha e seus discípulos praticavam o Diana, ou a contemplação, o êxtase. Durante esse estado, o Espírito destaca-se e comunica-se com as almas que deixaram a Terra.[x]O Budismo esotérico ou vulgar, repelido de todos os lados da Índia no século 6º, após lutas sangrentas provocadas pelos brâmanes, sofreu vicissitudes diversas e numerosas transformações. Um dos seus ramos ou Igreja, a do Sul, em algumas das suas interpretações, parece inclinar-se para o ateísmo e materialismo. A do Tibet conservou-se deísta e espiritualista. O Budismo também se tornou a religião do império mais vasto do mundo: a China. Seus fiéis adeptos compõem, hoje, a terça parte da população do globo; mas, em todos os meios onde ele se espalhou, do Ural ao Japão, foram veladas e alteradas as tradições primitivas. Nele, como em qualquer outra doutrina, as formas materiais do culto abafaram as altas aspirações do pensamento. Os ritos, as cerimônias supersticiosas, as fórmulas vãs, as oferendas, as preces sonoras, substituíram o ensino moral e a prática das virtudes.[xi] Entretanto, os principais ensinamentos do Buddha foram conservados nos Sutras.[xii] Sábios, herdeiros da ciência e dos poderes dos antigos ascetas, possuem também, dizem,[xiii] a doutrina secreta na sua integridade. Esses estabeleceram suas moradas longe das multidões humanas, sobre os planaltos das montanhas, de onde os campos da Índia apenas se divisam vagos e longínquos como num sonho. É na atmosfera pura e calma das solidões que habitam os Mãhãtmas. Possuindo segredos que lhes permitem desafiar a dor e a morte, passam os dias na meditação, esperando a hora problemática em que o estado moral da Humanidade torne possível a divulgação dos seus poderes extraordinários. Como, porém, nenhum fato bastante autêntico tem vindo até hoje confirmar essas citações, ainda fica por provar a existência dos Mãhãtmas.
Há vinte anos que grandes esforços foram empregados para espalhar a doutrina búdica no Ocidente. A raça latina, porém, ávida de movimento, de luz e liberdade, parece pouco disposta a assimilar-se a essa religião de renunciamento, de que os povos orientais fizeram uma doutrina de aniquilamento voluntário e de prostração intelectual. O Budismo, na Europa, apenas tem permanecido no domínio de alguns homens de letras, que honram o esoterismo tibetano. Este, em certos pontos, abre ao Espírito humano perspectivas estranhas. A teoria dos dias e das noites de Brahma – Manvantara e Pralaya –, que é uma renovação das antigas religiões da Índia, parece que está em muita contradição com a idéia do Nirvana. De qualquer modo, esses períodos imensos de difusão e concentração, durante os quais a grande causa primordial absorve todos os seres, permanece só, imóvel, adormecida sobre os mundos dissolvidos, atraem o pensamento numa espécie de vertigem. A teoria dos sete princípios constitutivos do homem e dos sete planetas,[xiv] sobre os quais corre a roda da vida num movimento ascensional, também constitui pontos originais e sujeitos a exame.
Uma coisa domina este ensino: é a lei de caridade proclamada pelo Buddha – um dos mais poderosos apelos ao bem que tem ecoado neste mundo –; mas, segundo a expressão de Léon de Rosny,[xv] “essa lei calma e pura, porque nada traz em seu apoio, ficou ininteligível para a maioria dos homens, visto lhes revoltar os apetites e não prometer a espécie de salário que querem ganhar”.
O Budismo, apesar das suas manchas e sombras, nem por isso deixa de ser uma das maiores concepções religiosas das que têm aparecido neste mundo, uma doutrina toda de amor e igualdade, uma reação poderosa contra a distinção de castas que foi estabelecida pelos brâmanes, doutrina que, em certos pontos, oferece analogias importantes com o Evangelho de Jesus de Nazaré.
[i] Os signos do Zodíaco.
[ii] A idade dos Vedas ainda não pôde ser fixada. Souryo-Shiddanto, astrônomo hindu, cujas observações sobre a posição e percurso das estrelas remonta a cinqüenta e oito mil anos, fala dos Vedas como obras já veneráveis pela sua antiguidade. (De O Espiritismo ou Faquirismo Ocidental, pelo Dr. Paul Gibier, capítulo V.)
[iii] Bhagavad-Gita.
[iv] Bhagavad-Gita, passim.
[v] Mahabhãrata, trad. H. Fauche.
[vi] Le Bouddhisme, por Léon de Rosny; La Science des Religions, por Burnouf.
[vii] Le Bouddhisme êsotêrique, por Sinnet.
[viii] Dhammapada.
[ix] La Morale du Bouddhisme.
[x] L’Ame et ses Manifestations à travers l’Histoire. por Eug. Bonnemère.
[xi] Revue des Deux-Mofldes, 15 de março de 1876, artigo de G. Bousquet.
[xii] Le Lauta Vistara, trad. Foucaux: Le Lotus de la Bonne Lol, trad. Burnout.
[xiii] Le Bouddhisme Esotérique, por Sinnet.
[xiv] Por que sete? Só em nosso sistema solar contam-se oito planetas principais e as perturbações observadas em Netuno fazem supor que existe ainda um outro para além daquele.
[xv] La Morale du Bouddhisme.
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Aos que ainda se acham mergulhados nas sombras do mundo
Quinta-feira, 17.05.12
Aos que ainda se acham mergulhados
nas sombras do mundo
Antigamente eu escrevia nas sombras para os que se conservavam nas claridades da Vida. Hoje, escrevo na luz branca da espiritualidade para quantos ainda se acham mergulhados nas sombras do mundo. Quero crer, porém que tão dura tarefa me foi imposta nas mansões da Morte, como esquisita penitência ao meu bom gosto de homem que colheu quando pôde dos frutos saborosos na árvore paradisíaca dos nossos primeiros pais, segundo as Escrituras.
Contudo não desejo imitar aquele velho Tirésias que à força de proferir alvitres e sentenças conquistou dos deuses o dom divinatório em troca dos preciosos dons da vista.
Por esta razão o meu pensamento não se manifesta entre vocês que aqui acorreram para ouvi-lo como o daquelas entidades batedoras, que em Hydesville, na América do Norte, por intermédio das irmãs Fox, viviam nos primórdios do Espiritismo, contando histórias e dando respostas surpreendentes com as suas pancadas ruidosas e alegres.
Devo também esclarecer ao sentimento de curiosidade que os tangeu até aqui, que não estou exercendo ilegalmente a medicina como a grande parte dos defuntos, os quais, hoje em dia, vivem diagnosticando e receitando mezinhas e águas milagrosas para os enfermos.
Nem tampouco, na minha qualidade de repórter “falecido” sou portador de alguma mensagem sensacional dos paredros comunistas que já se foram dessa vida para a melhor, êmulos dos Lenine, dos Kropotkine, cujos cérebros, a esta hora, devem estar transbordando teorias momentosas para o instante amargo que o mundo está vivendo.
O objetivo das minhas palavras póstumas é somente demonstrar o homem... Desencarnado e a imortalidade dos seus atributos. O fato é que vocês não me viram.
Mas contem lá fora eu enxergaram o médium. Não afirmam que ele se parece com o Mahatma Gandhi em virtude de lhe faltar uma tanga, uma cabra e a experiência “anosa” do “líder” nacionalista da Índia. Mas historiem, com sinceridade, o caso das suas roupas remendadas e tristes de proletário e da sua pobreza limpa e honesta que anda por esse mundo arrastando tamancos para a remissão de suas faltas nas anteriores encarnações. Quanto a mim, digam que eu estava por detrás do véu de Ísis.
Mesmo assim, na minha condição de intangibilidade, não me furto ao desejo de lhes contar algo a respeito desta “outra vida” para onde todos têm de regressar. Se não estou nos infernos de que fala a teologia dos cristãos, não me acho no sétimo paraíso de Maomé. Não sei contar as minhas aperturas na amarga perspectiva de completo abandono em que me encontrei, logo após abrir os meus olhos no reino extravagante da Morte. Afigurou-se-me que eu ia, diretamente consignado ao Aqueronte, cujas águas amargosas deveria transpor como as sombras para nunca mais voltar, porque não cheguei a presenciar nenhuma luta entre São Gabriel e os Demônios, com as suas balanças trágicas, pela posse de minha alma. Passados, porém, os primeiros instantes de “inusitado” receio, divisei a figura miúda e simples do meu Tio Antoninho, que me recebeu nos seus braços carinhosos de santo.
Em companhia, pois, de afeições ternas, no reconto fabuloso, que é a minha temporária morada, ainda estou como aparvalhado entre todos os fenômenos da sobrevivência. Ainda não cheguei a encontrar os sóis maravilhosos, as esferas, os mundos comentários, portentos celestes, que descreve Flammarion na sua “Pluralidade dos Mundos”. Para o meu espírito, a Lua ainda prossegue na sua carreira como esfinge eterna do espaço, embuçada no seu burel de freira morta.
Uma saudade doida e uma ânsia sem termo fazem um turbilhão no meu cérebro: é a vontade de rever, no reino das sombras, o meu pai e a minha irmã. Ainda não pude fazê-lo. Mas em um movimento de maravilhosa retrospecção pude volver à minha infância, na Miritiba longínqua. Revi as suas velhas ruas, semi-arruinadas pelas águas do Piriá e pelas areias implacáveis... Revi os dias que se foram e senti novamente a alma expansiva de meu pai como um galho forte e alegre do tronco robusto dos Veras à minha frente, nos quadros vivos da memória, abracei a minha irmãzinha inesquecida, que era em nossa casa modesta como um anjo pequenino da Assunção de Murilo, que se tivesse corporificado de uma hora para outra sobre as lamas da terra...
Descansei à sombra das árvores largas e fartas, escutando ainda as violas caboclas, repenicando os sambas da gente das praias nortistas e que tão bem ficaram arquivadas na poesia encantadora e simples de Juvenal Galeno.
Da Miritiba distante transportei-me à Parnaíba, onde vibrei com o meu grande mundo liliputiano... Em espírito, contemplei com a minha mãe as folhas enseivados do meu cajueiro derramando-se na Terra entre as harmonias do canto choroso das rolas morenas dos recantos distantes de minha terra.
De almas entrelaçadas contemplei o vulto de marfim antigo daquela santa que, como um anjo, espalmou muitas vezes sobre o meu espírito cansado as suas asas brancas. Beijei-lhe as mãos encarquilhadas genuflexo e segurei as contas do seu rosário e as contas miúdas e claras que corriam furtivamente dos seus olhos, acompanhando a sua oração...
Ave Maria... Cheia de graça... Santa Maria... Mãe de Deus...
Ah! De cada vez que o meu olhar se espraia tristemente sobre a superfície do mundo, volvo a minha alma aos firmamentos, tomada de espanto e de assombro... Ainda há pouco, nas minhas surpresas de recém-desencarnado, encontrei na existência dos espaços, onde não se contam as horas, uma figura de velho, um espírito ancião, em cujo coração milenário presumo refugiadas todas as experiências. Longas barbas de neve, olhos transudando piedade infinita doçura, da sua fisionomia de Doutor da Lei, nos tempos apostólicos, irradiava-se uma corrente de profunda simpatia.
- Mestre! – disse-lhe eu na falta de outro nome – que podemos fazer para melhorar a situação do orbe terreno? O espetáculo do mundo me desola e espanta... A família parece se dissolve... O lar está balançando como os frutos podres, na iminência de cair... A Civilização, com os seus numerosos séculos de leis e instituições afigura-se haver tocado os seus apogeus... De um lado existem os que se submergem num gozo aparente e fictício, e do outro estão às multidões famintas, aos milhares, que não têm senão rasgado no peito o sinal da cruz, desenhado por Deus com a suas mãos prestigiosas como os símbolos que Constantino gravara nos seus estandartes... E, sobretudo Mestre, é a perspectiva horrorosa da guerra...
Não há tranqüilidade e a Terra parece mais um fogareiro imenso, cheio de matérias em combustão...
Mas o bondoso espírito-ancião me respondeu com humildade e brandura:
- Meu filho... Esquece o mundo e deixa o homem guerrear em paz!...
Achei graça no seu paradoxo, porém só me resta acrescentar:
- Deixem o mundo em paz com a sua guerra e a sua indiferença!
Não será minha boca quem vá soprar na trombeta de Josafá. Cada um guarde aí a sua crença ou o seu preconceito.
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Judas Iscariotes
Quinta-feira, 17.05.12
Judas Iscariotes
Silêncio augusto cai sobre a Cidade Santa. A antiga capital da Judéia parece dormir o seu sono de muitos séculos. Além descansa Getsêmani, onde o Divino Mestre chorou numa longa noite de agonia, acolá está o Gólgota sagrado e em cada coisa silenciosa há um traço da Paixão que as épocas guardarão para sempre. E, em meio de todo o cenário, como um veio cristalino de lágrimas, passa o Jordão silencioso, como se as suas águas mudas, buscando o Mar Morto, quisessem esconder das coisas tumultuosas dos homens os segredos insondáveis do Nazareno.
Foi assim, numa destas noites que vi Jerusalém, vivendo a sua eternidade de maldições.
Os espíritos podem vibrar em contacto direto com a história. Buscando uma relação íntima com a cidade dos profetas, procurava observar o passado vivo dos Lugares Santos. Parece que as mãos iconoclastas de Tito por ali passaram como executoras de um decreto irrevogável. Por toda a parte ainda persiste um sopro de destruição e desgraça. Legiões de duendes, embuçados nas suas vestimentas antigas, percorrem as ruínas sagradas e no meio das fatalidades que pesam sobre o empório morto dos judeus, não ouvem os homens os gemidos da humanidade invisível.
Nas margens caladas do Jordão, não longe talvez do lugar sagrado, onde Precursor batizou Jesus Cristo, divisei um homem sentado sobre uma pedra. De sua expressão fisionômica irradiava-se uma simpatia cativante.
- Sabe quem é este? – murmurou alguém aos meus ouvidos. – Este é Judas.
- Judas?!...
- Sim. Os espíritos apreciam, às vezes, não obstante o progresso que já alcançaram, volver atrás, visitando os sítios onde se engrandeceram ou prevaricaram, sentindo-se momentaneamente transportados aos tempos idos. Então mergulham o pensamento no passado, regressando ao presente, dispostos ao heroísmo necessário do futuro. Judas costuma vir à Terra, nos dias em que se comemora a Paixão de Nosso Senhor, meditando nos seus atos de antanho...
Aquela figura de homem magnetizava-me. Eu não estou ainda livre da curiosidade do repórter, mas entre as minhas maldades de pecador e a perfeição de Judas existia um abismo. O meu atrevimento, porém, e a santa humildade de seu coração, ligaram-se para que eu o atravessasse, procurando ouvi-lo.
-O senhor é, de fato, o ex-filho de Iscariot? – perguntei.
– Sim, sou Judas – respondeu aquele homem triste, enxugando uma lágrima nas dobras de sua longa túnica.
E prosseguiu:
Como o Jeremias, das Lamentações, contemplo às vezes esta Jerusalém arruinada, meditando no juízo dos homens transitórios...
- É uma verdade tudo quanto reza o Novo Testamento com respeito à sua personalidade na tragédia da condenação de Jesus?
- Em parte... Os escribas que redigiram os evangelhos não atenderam às circunstâncias e às tricas políticas que acima dos meus atos predominaram na nefanda crucificação. Pôncio Pilatos e o tetrarca da Galiléia, além dos seus interesses individuais na questão, tinham ainda a seu cargo salvaguardar os interesses do Estado romano, empenhado em satisfazer as aspirações religiosas dos anciãos judeus. Sempre a mesma história. O Sanedrim desejava o reino do céu pelejando por Jeová, a ferro e fogo; Roma queria o reino da Terra. Jesus estava entre essas forças antagônicas com a sua pureza imaculada. Ora, eu era um dos apaixonados pelas idéias socialistas do Mestre, porém o meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador. Acima dos corações, eu via a política, única arma com a qual poderia triunfar e Jesus não obteria nenhuma vitória. Com as suas teorias nunca poderia conquistar as rédeas do poder já que, no seu manto de pobre, se sentia possuído de um santo horror à propriedade. Planejei então uma revolta surda como se projeta hoje em dia na Terra a queda de um chefe de Estado. O Mestre passaria a um plano secundário e eu arranjaria colaboradores para uma obra vasta e enérgica como a que fez mais tarde Constantino Primeiro, o Grande, depois de vencer Maxêncio às portas de Roma, o que aliás apenas serviu para desvirtuar o Cristianismo. Entregando, pois, o Mestre, a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão lamentável e, ralado de remorsos, presumi que o suicídio era a única maneira de me redimir aos seus olhos.
- E chegou a salvar-se pelo arrependimento?
- Não. Não consegui. O remorso é uma força preliminar para os trabalhos reparadores. Depois da minha morte trágica submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da minha falta. Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus e as minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado. Vítima da felonia e da traição deixei na Terra os derradeiros resquícios do meu crime, na Europa do século XV. Desde esse dia, em que me entreguei por amor do Cristo a todos os tormentos e infâmias que me aviltavam, com resignação e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo das minhas dolorosas reencarnações na Terra, sentido na fronte o ósculo de perdão da minha própria consciência...
- E está hoje meditando nos dias que se foram... - pensei com tristeza.
- Sim... Estou recapitulando os fatos como se passaram. E agora, irmanado com Ele, que se acha no seu luminoso Reino das Alturas que ainda não é deste mundo, sinto nestas estradas o sinal de seus divinos passos. Vejo-O ainda na Cruz entregando a Deus o seu destino... Sinto a clamorosa injustiça dos companheiros que O abandonaram inteiramente e me vem uma recordação carinhosa das poucas mulheres que O ampararam no doloroso transe... Em todas as homenagens a Ele prestadas, eu sou sempre a figura repugnante do traidor... Olho complacentemente os que me acusam sem refletir se podem atirar a primeira pedra... Sobre o meu nome pesa a maldição milenária, como sobre estes sítios cheios de miséria e de infortúnio. Pessoalmente, porém, estou saciado de justiça, porque já fui absolvido pela minha consciência no tribunal dos suplícios redentores.
Quanto ao Divino Mestre – continuou Judas com os seus prantos – infinita é a sua misericórdia e não só para comigo, porque se recebi trinta moedas, vendendo-O aos seus algozes, há muitos séculos Ele está sendo criminosamente vendido no mundo a grosso e a retalho, por todos os preços em todos os padrões do ouro amoedado...
- É verdade – concluí – e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de vendê-lo.
Judas afastou-se tomando a direção do Santo Sepulcro e eu, confundido nas sombras invisíveis para o mundo, vi que no céu brilhavam algumas estrelas sobre as nuvens pardacentas e tristes, enquanto o Jordão rolava na sua quietude como um lençol de águas mortas, procurando um mar morto.
Humberto de Campos.
Recebida em Pedro Leopoldo a 19 de abril de 1935
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Na mansão dos mortos
Quinta-feira, 17.05.12
Na mansão dos mortos
- O amigo sabe que os fotógrafos ingleses registraram a presença de sir Conan Doyle no enterro de ladyGaillard?
Esta pergunta me foi dirigida pelo coronel C. da C., (1) que eu conhecera numa das minhas viagens pelo Nordeste. O coronel lia por desfastio as minhas crônicas e em poucos minutos nos tornamos camaradas. Há muito tempo, todavia, soubera eu da sua passagem para o outro mundo em virtude de uma arteriosclerose generalizada. Tempo vai, tempo vem, defrontamo-nos de novo no vagão infinito da Vida, em que todos viajamos, através da eternidade. E, como o melhor abraço que podemos dar longe dos vivos, ali estávamos os dois tête à tête, sem pensar no relógio que regulava os nossos atos no presídio da Terra, nem nos ponteiros do estômago, que aí trabalham com demasiada pressa.
(1) No original da mensagem foram dados os nomes das pessoas nela mencionados. Como, porém, essas pessoas deixaram descendentes, que poderiam molestar-se com as referências que lhes fez Humberto de Campos, resolvemos indicá-la apenas pelas suas iniciais
C. tinha no mundo idéias espíritas e continuava, na outra vida, a interessar-se pelas coisas de sua doutrina.
Então, coronel, a vida que levaremos por aqui não será muito diversa da que observávamos lá em baixo? Um morto, pode apresentar-se nas solenidades dos vivos, participar das suas alegrias e das suas tristezas, como no presente caso? Aliás, já sabemos do capítulo evangélico que manda os mortos enterrar os mortos.
- Pode, sim, menino – replicou o meu amigo como quem evocasse uma cena dolorosa – mas, isso de acompanhar enterros, sobra-me experiência para não mais fazê-lo. Costumamos observar que, se os vivos têm medo dos que já regressaram para cá, nós igualmente, às vezes, sentimos repulsa de topar os vivos. Porém, o que lhe vou contar ocorreu entre os considerados mortos. Tié medo de dois espectros num ambiente soturno de cemitério.
E o meu amigo, com o olhar mergulhado no pretérito longínquo, monologava:
- Desde essa noite, nunca mais acompanhei enterros de amigos... Deixo isso para os encarnados, que vivem brincando de cabra-cega no seu temporário esquecimento...
- Conte-me, coronel, o acontecimento – disse eu, mal sopitando a curiosidade.
- Lembra-se – começou ele – da admiração que eu sempre manifestava pelo Dr. A.F., que você não chegou a conhecer em pessoa?
- Vagamente...
- Pois bem, o Antonico, nome pelo qual respondia na intimidade, era um dos meus amigos do peito. Advogado de renome na minha terra, já o conheci na elevada posição que usufruía no seio da sociedade que lhe acatava todas as ações e pareceres.
Pardavasco, insinuante, era o tipo do mulato brasileiro. Simpático, inteligente, captava a confiança de quantos se lhe aproximavam. Era de uma felicidade única. Ganhava todas as causas que lhe eram entregues. O crime mais negro apresentava para a sua palavra percuciente uma argumentação infalível na defesa. Os réus, absolvidos com a sua colaboração, retiravam-se da sala de sessões da justiça quase canonizados. O Antonico se metera em alguma pendência? O triunfo era dele. Gozava de toda a nossa consideração e estima. Criara a sua família com irrepreensível moralidade. Em algumas cerimônias religiosas a que compareci, recordo-me de lá o haver encontrado, como bom católico, em cuja personalidade o nosso vigário via um dos mais prestigiosos dos seus paroquianos.
Chefiava iniciativas de caridade, presidia a associação religiosa e primava pela austeridade intransigente dos seus costumes.
Quando voltei desse mundo, que hoje representa para nós uma penitenciaria, trouxe dele saudosas recordações.
Imagine, pois o meu desejo de reencontrá-lo, quando vim a saber, nestas paragens, que ele se achava às portas da morte. Obtive permissão para excursionar à Terra e fui revê-lo na sua cama de luxo, rodeado de zelos extremos, numa alcova ensombrada de sua confortável residência. As poções eram ingeridas. Injeções eram aplicadas. Os médicos eram atenciosamente ouvidos. Contudo, a morte rondava o leito de rendas, com o seu passo silencioso. Depois de ter o abdômen rasgado por um bisturi, uma infecção sobreviera inesperadamente.
Apareceu uma pleurisia e todas as punções foram inúteis. Antonico agonizava. Vi-o nos seus derradeiros momentos, sem que ele me visse na sua semi-inconsciência. Os médicos à sua cabeceira, deploravam o desaparecimento do homem probo. O padre, que sustinha naquelas mãos de cera u delicado crucifixo, recitando a oração dos moribundos, fazia ao céu piedosas recomendações. A esposa chorava o esposo, os filhos o pai! Aos meus olhos, aquele quadro era o da morte do justo. Transcorridas algumas horas, acompanhei o fúnebre cortejo que ia entregar à terra aqueles despojos frios.
Desnecessário é que lhe diga das pomposas exéquias que a igreja dispensou ao morto, em virtude da sua posição eminente. Preces. Aspersões com hissopes ensopados n’água benta e latim agradável.
Mas, como nem todos os que morrem desapegam imediatamente dos humores e das vísceras, esperei que o meu amigo acordasse para ser o primeiro a abraçá-lo.
Era crepúsculo. E, naquela tarde de agosto, as nuvens estavam enrubescidas, em meio do fumo das queimaduras, parecendo uma espumarada de sangue. Havia um cheiro de terra brava, entre as lousas silenciosas, ao pé dos salgueiros e dos ciprestes. Eu esperava. De vez em quando, o vento agitava a ramaria dos chorões, que pareciam soluçar, numa toada esquisita. Os coveiros abandonaram a sua tarefa sinistra e eu vi um vulto de mulher, esgueirando-se entre as lápides enegrecidas. Parou junto daquela cova fresca. Não se tratava de nenhuma alma encarnada. Aquela mulher pertencia também aos reinos das sombras. Observei-a de longe. Todavia, gritos estentóricos ecoaram aos meus ouvidos.
- A. F. – exclamou o espectro – chegou o momento da minha vingança! Ninguém poderá advogar a tua causa. Nem Deus, nem o Demônio poderão interceder pela tua sorte, como não puderam cicatrizar no mundo as feridas que abriste em meu coração. Todas as nossas testemunhas agora são mudas. Os anjos aqui são de pedra e as capelas de mármore, cheias de cruzes caladas, são estojos de carne apodrecida. Lembras-te de mim? Sou a R. S., que infelicitaste com a tua infâmia!
Já não és aquele moreno insinuante que surrupiou a fortuna de meus pais, destruindo-lhes a vida e atirando-me no meretrício abominável. A fortuna que te deu um nome foi edificada no pedestal do crime.
Recordas-te das promessas mentirosas que me fizeste? Envergonhada, abandonei a terra que me vira nascer para ganhar o pão no mais horrendo comércio. Corri mundo, sem esquecer a tua perversidade e sem conseguir afogar o meu infortúnio na taça dos prazeres.
Entretanto, o mundo foi teu. Réu de um crime nefando, foste sacerdote da justiça; eu, a vítima desconhecida, fui obrigada a sufocar a minha fraqueza nas sentinas sociais, onde os homens pagam o tributo das suas misérias. Tiveste a sociedade, eu os bordéis. O triunfo e a consideração te pertenceram; a mim coube o desprezo e a condenação. Meu lar foi o hospital, donde se escapou o último gemido do meu peito.
Meus braços, que haviam nascidos para acariciar os anjos de Deus, como dois galhos de árvores cheios de passarinhos, foram por ti transformados em tentáculos de perdição. Eu poderia ter possuído um lar, onde as crianças abençoassem os meus carinhos e onde um companheiro laborioso se reconfortasse com o beijo da minha afeição. Venho te condenar, ó desalmado assassino, em nome da justiça eterna que nos rege, acima dos homens. Há mais de um lustro, espero-te nesta solidão indevassável, onde não poderás comprar a consciência dos juizes... Viveste com o teu conforto, enquanto eu penava com a minha miséria; mas, o inferno agora será de nós dois!...
O coronel fez uma pausa, enquanto eu meditava naquela história.
- A mulher chorava – continuou ele – de meter dó. Aproximei-me dela, não sendo notada, porém, minha presença. Olhei a cruz modesta e carcomida que havia que havia sido arrancada poucas horas antes, daqueles sete palmos de terra, para que ali fosse aberto um novo sepulcro, e, não sei se por artes do acaso, nela estava escrito um nome com pregos amarelos, já desfigurados pela ferrugem: R. S. – Orai por ela.
Por uma coincidência sinistra, reencontravam-se os dois corpos e as duas almas. Procurei fazer tudo pelo Antonico, mas quando atravessei com o olhar a terra que lhe cobria os despojos, afigurou-se-me ver um monte de ossos que se moviam. Crânio, tíbias, úmero, clavículas, se reuniam sob uma ação misteriosa e vi uma caveira chocalhando os dentes de fúria, ao mesmo tempo em que umas falangetas de aço pareciam apertar o pescoço do cadáver do meu amigo.
- E ele, coronel, isto é, o Espírito, estava presente?
- Estava, sim. Presente e desperto. Lá o deixei, sentindo os horrores daquela sufocação.
- Mas, e Deus, coronel? Onde estava Deus que não se compadeceu do pecador arrependido?
O coronel me olhou, como se estivesse interrogando a si mesmo, e declarou por fim:
- Homem, sei lá!... Acredito que Deus tenha criado o mundo; porém, acho que a Terra ficou mesmo sob administração do Diabo.
Humberto de Campos.
(Recebida em Pedro Leopoldo a 9 de abril de 1935).
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Carta aos que ficam
Quinta-feira, 17.05.12
J.B.
(São Paulo, 3 de outubro de 1936)
No antigo Paço da Boa vista, nas audiências dos sábados, quando recebia toda gente, atendeu D.Pedro II a um negro velho, de carapinha branca, e em cujo rosto, enrugado pelo frio de muitos invernos, se descobria o sinal de muita penas e muitos maus-tratos.
-Ah! Meu Senhor grande – exclamou o infeliz – como é duro ser escravo!...
O magnânimo imperador encarou suas mãos cansadas no leme da direção do povo e aquelas outras, engelhadas, na excrescência dos calos adquiridos na rude tarefa das senzalas, e tranqüilizando-o comovido:
-Oh! meu filho, tem paciência! Também sou escravo dos meus deveres e eles são bem pesados... Teus infortúnios vão diminuir...
E mandou libertar o preto.
Mais tarde, nos primeiros tempos do seu desterro, o bondoso monarca, a bordo do Alagoas, recebeu a visita do seu ex-ministro; às primeiras interpelações de Ouro Preto, respondeu-lhe o grande exilado:
-Em suma, estou satisfeito e tranqüilo.
E, aludindo à sua expatriação:
É a minha carta de alforria... Agora posso ir onde quero.
A coroa era pesada demais para a cabeça do monarca republicano.
Aos que perguntarem no mundo sobre a minha posição em face da morte, direi que ele teve para mim a fulguração de um Treze de Maio para os filhos de Angola.
A morte não veio buscar a minha alma, quando esta se comprazia nas redes douradas da ilusão. A sua tesoura não me cortou fios da mocidade e de sonho, porque eu não possuía senão neves brancas à espera do sol para se desfazerem. O gelo dos meus desenganos necessitava desse calor de realidade, que a morte espalha no caminho em que passa com a sua foice derrubadora. Resisti, porém ao seu cerco como Aquiles no heroísmo indomável de quem vê a destruição de suas muralhas e redutos. Na minha trincheira de sacos de água quente, eu a vi chegar quase todos os dias... Mirava-me nas pupilas chamejantes dos seus olhos, pedindo-lhe complacência e ela me sorria consoladora nas suas promessas. Eu não podia, porém adivinhar o seu fundo mistério, porque a dúvida obsidiava o meu espírito, enrodilhando-se no meu raciocínio como tentáculos de um polvo.
E, na alegria bárbara, sentia-me encurralado no sofrimento, como um lutador romano aureolado de rosas.
Triunfava da morte e como Ájax recolhi as últimas esperanças no rochedo da minha dor, desafiando o tridente dos deuses.
A minha excessiva vigilância trouxe-me a insônia, que arruinou a tranqüilidade dos meus últimos dias. Perseguido pela surdez, já os meus olhos se apagavam como as derradeiras luzes de um navio soçobrando em mar encapelado no silêncio da noite. Sombra, movendo-se dentro das sombras, não me acovardei diante do abismo. Sem esmorecimentos atirei-me ao combate, não para repelir mouros na costa, mas para erguer muito alto o coração, retalhado nas pedras do caminho como um livro de experiências para os que vinham depois dos meus passos, ou como a réstia luminosa que os faroleiros desabotoam na superfície das águas, prevenindo os incautos dos perigos das sirtes traiçoeiras do oceano.
Muitos me supuseram corroído da lepra e de vermina como se fosse Bento de Labre, raspando-me com a escudela de Jô. Eu, porém estava apenas refletindo a claridade das estrelas do meu imenso crepúsculo. Quando, me encontrava nessa faina de semear a resignação, a primeira e última flor dos que atravessam o deserto das incertezas da vida, a morte abeirou-se do meu leito; devagarinho, como alguém que temesse acordar um menino doente. Esperou que tapassem com anestesia todas as janelas e interstícios dos meus sentimentos. E quando o caos mais absoluto no meu cérebro, záz! Cortou as algemas a que me conservava retido por amor aos outros condenados, irmãos meus, reclusos no calabouço da vida. Adormeci nos seus braços como um ébrio nas mãos de uma deusa. Despertando dessa letargia momentânea, compreendi a realidade da vida, que eu negara, além dos ossos que se enfeitam com os cravos rubros da carne.
- Humberto!... Humberto... exclamou uma voz longínqua – recebe os que te enviam da Terra!
Arregalei os olhos com horror e com enfado:
-Não! Não quero saber de panegíricos e agora não me interessam as seções necrológicas dos jornais.
Enganas-te – repetiu – as homenagens da convenção não se equilibram até aqui. A hipocrisia é como certos micróbios de vida muito efêmera. Toma as preces que se elevaram por ti a Deus, dos peitos sufocados, onde penetraste com as tuas exortações e conselhos. O sofrimento retornou sobre o teu coração um cântaro de mel.
Vi descer de um ponto indeterminado do espaço, braçadas de flores inebriantes como se fossem feitas de neblina resplandecente, e escutei, envolvendo o meu nome pobre, orações tecidas com suavidade e doçura. Ah! Eu não vira o céu e a sua corte de bem-aventurados; mas Deus receberia aquelas deprecações no seu sólio de estrelas encantadas como a hóstia simbólica do catolicismo se perfuma na onda envolvente dos aromas de um turíbulo. Nossa Senhora deveria ouvi-las no seu trono de jasmins bordados de ouro, contornado dos anjos que eternizam a sua glória.
Aspirei com força aqueles perfumes. Pude locomover-me para investigar o reino das sobras, onde penso sem miolos na cabeça. Amava e ainda sofria, reconhecendo-me no pórtico de uma nova luta.
Encontrei alguns amigos a quem apertei fraternalmente as mãos. E voltei cá. Voltei para falar com os humildes e infortunados, confundidos na poeira da estrada de suas existências, como frangalhos de papel, rodopiando ao vento. Voltei para dizer aos que não pude interpretar no meu ceticismo de sofredor:
- Não sois os candidatos ao casarão da Praia Vermelha.[Hospício Nacional]. Plantai pois nas almas a palmeira da esperança. Mais tarde ela descobrirá sobre as vossas cabeças encanecidas os seus leques enseivados e verdes...
E posso acrescentar, como o neto de Marco Aurélio, no tocante à morte que me arrebatou da prisão nevoenta da Terra:
- É a minha carta de alforria... Agora posso ir onde quero.
Os amargores do mundo eram pesados demais para o meu coração.Autoria e outros dados (tags, etc)
AMAZING FANTASY 1961-1962
Quinta-feira, 17.05.12
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Amazing Fantasy
Fantasia Adulto incrível e sua edição retitled final, Amazing Fantasy , é um americano de quadrinhos antologia série publicada pela Marvel Comics desde 1961 até 1962, com o título do último reviveu com super-heróis recursos em 1995 e nos anos 2000. A questão 1960 final, Amazing Fantasy # 15 ( capa-datado agosto 1962) é o título que apresenta o personagem de super-herói popular, o Homem-Aranha . Fantasia Adulto surpreendente estreou com a edição # 7, assumindo a numeração de Amazing Adventures .
História da publicação
A ficção científica - fantasia antologia Fantasia Adulto surpreendente começou com a edição # 7 ( cover-datado dezembro 1961), tendo assumido o número de antologia semelhantes Amazing Adventures . Considerando que a série anterior caracterizado histórias desenhadas por uma série de artistas como Jack Kirby , Don Heck , Dick Ayers e Steve Ditko , Fantasia Adulto surpreendente foi reconfigurado para refletir a natureza mais "sofisticado" de seu conteúdo novo e exclusivo: o rápido, imaginativo, twist-final contos de Ditko artista e escritor - editor Stan Lee . A capa do comic realizado o lema "A revista que respeita a sua inteligência". Lee em 2009, descreveu esses "curtos, tiras de cinco páginas de enchimento que Steve e eu fizemos juntos", originalmente "colocados em qualquer um dos nossos quadrinhos que teve algumas páginas extras para encher", como "contos de fantasia estranhas que eu creme de com você O. Henry tipo [torção] terminações ". Dando um exemplo inicial do que viria a ser conhecido como o " Método Marvel "de escritor-artista colaboração, Lee disse:" Tudo o que eu tinha que fazer era dar Steve uma descrição de uma linha do enredo e ele estaria fora e correndo . Ele pegava aqueles esqueleto descreve eu havia lhe dado e transformá-los em clássicos pequenas obras de arte que acabaram sendo muito mais frio do que eu tinha direito de esperar ". Com a edição # 15 (agosto 1962) Fantasia Adulto surpreendente foi renomeado Amazing Fantasy e previsto para cancelamento. Sem nada a perder, editor Martin Goodman concordou em permitir que Lee para introduzir o Homem-Aranha, um novo tipo de super-herói - aquele que seria um adolescente, mas não um companheiro, e aquele que teria Everyman . dúvidas, neuroses e problemas de dinheiro Vendas de Amazing Fantasy # 15 provou ser uma das mais altas da Marvel no momento e The Amazing Spider-Man foi rapidamente lançado para capitalizar sobre a popularidade aparente o personagem novo. Embora a obra de arte interior foi por Steve Ditko sozinho, Lee rejeitado arte Ditko tampa e encomendado Jack Kirby para lápis uma tampa que Ditko coberto. Como Lee explicou em 2010: "Eu acho que tinha Jack esboçar uma capa para ele porque sempre tive muita confiança em capas de Jack." O lançamento do DVD da edição de colecionador do Homem-Aranha filme incluiu uma cópia eletrônica de Amazing Fantasy # 15. Em 2001, a Marvel publicou a visão geral de 10 questão histórica As 100 maiores maravilhas de todos os tempos , com Amazing Fantasy # 15 no topo da lista.Em 2008, um doador anônimo deixou a Biblioteca do Congresso dos originais 24 páginas de arte Ditko para Amazing Fantasy # 15, incluindo estréia do Homem-Aranha e as histórias "O sineiro", "Homem no Caso Múmia" e "Não são marcianos Among Us ". Em setembro de 2000, Comics Metropolis em New York City trouxe o único conhecido CGC copy-graduada 9,6 (near-mint plus) para o mercado e é vendido por 140.000 dólares. Em outubro de 2007, uma cópia de hortelã quase foi vendido por 210.000 dólares em um leilão online em ComicLink.com. A quase hortelã CGC-graduada 9,6 exemplar vendido por US $ 1,1 milhões para um colecionador anônimo em 7 de março de 2011.
Continuação em 1995
Durante décadas, não foram feitas tentativas de relançar o título ou para continuar com a # 16. No entanto, em 1995, a Marvel editor Danny Fingeroth decidiu uma lacuna existente entre história Amazing Fantasy # 15 e The Amazing Spider-Man # 1. Na tentativa de preencher essa lacuna, a Marvel publicou três de flashback do Homem-Aranha histórias em Amazing Fantasy # 16-18 (dezembro 1995 - março 1996), cada um escrito por Kurt Busiek . e pintados principalmente por Paul Lee
Continuação em 1995
Durante décadas, não foram feitas tentativas de relançar o título ou para continuar com a # 16. No entanto, em 1995, a Marvel editor Danny Fingeroth decidiu uma lacuna existente entre história Amazing Fantasy # 15 e The Amazing Spider-Man # 1. Na tentativa de preencher essa lacuna, a Marvel publicou três de flashback do Homem-Aranha histórias em Amazing Fantasy # 16-18 (dezembro 1995 - março 1996), cada um escrito por Kurt Busiek . e pintados principalmente por Paul Lee
Volume 2
O segundo volume da série teve 20 questões ( cover-datado agosto 2004 - junho de 2006), . e serviu para introduzir novos personagens para um público mais jovem quadrinhos
O primeiro arco percorreu vol. 2, # 1-6 e apresentava uma nova heroína adolescente, Araña . O arco segundo, em vol. 2, # 7-12, publicado depois de um curto hiato, contou com uma renovada versão feminina do supervillian o Scorpion . Uma característica back-up no vol. 2, # 10-12 (setembro-novembro 2005) protagonizou a personagem Nina Preço, Vampiro by Night . vol. 2, # 13-14 (ambos dezembro 2005), levou com o recurso moderno-Oeste "Vegas", apoiado por " Capitão Universo ". Na tentativa de reproduzir a história, a Marvel anunciou que a nova edição # 15 iria introduzir uma nova geração de heróis em uma edição autônoma de 48 páginas, na esperança de que eles viriam a se tornar tão popular quanto o Homem-Aranha. Estes heróis incluídos Mastermind Excello , Blackjack , o vídeo Grande , Monstro , Heartbreak Kid , e Positron . A tampa de # 15 foi uma versão melhorada do original Amazing Fantasy # 15 cobertura completa, com o Homem-Aranha balançando através de uma moderna cidade de Nova York , enquanto os novos heróis observam, encantados em segundo plano.
O arco final, em vol. 2, # 16-20 (de fevereiro a junho de 2006), introduziu Cabeça da Morte 3,0 , uma reformulação do Reino Unido Marvel personagem, escrito pelo criador da versão original, Simon Furman . Questões # 18-19 conter dois " Contos dos Novos Universo "histórias como recursos de backup, enquanto # 20 contou com uma cópia de segurança do Ocidente", Steamrider ".
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AMAZING FANTASY 1961-1962
Quinta-feira, 17.05.12
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Amazing Fantasy
Fantasia Adulto incrível e sua edição retitled final, Amazing Fantasy , é um americano de quadrinhos antologia série publicada pela Marvel Comics desde 1961 até 1962, com o título do último reviveu com super-heróis recursos em 1995 e nos anos 2000. A questão 1960 final, Amazing Fantasy # 15 ( capa-datado agosto 1962) é o título que apresenta o personagem de super-herói popular, o Homem-Aranha . Fantasia Adulto surpreendente estreou com a edição # 7, assumindo a numeração de Amazing Adventures .
História da publicação
A ficção científica - fantasia antologia Fantasia Adulto surpreendente começou com a edição # 7 ( cover-datado dezembro 1961), tendo assumido o número de antologia semelhantes Amazing Adventures . Considerando que a série anterior caracterizado histórias desenhadas por uma série de artistas como Jack Kirby , Don Heck , Dick Ayers e Steve Ditko , Fantasia Adulto surpreendente foi reconfigurado para refletir a natureza mais "sofisticado" de seu conteúdo novo e exclusivo: o rápido, imaginativo, twist-final contos de Ditko artista e escritor - editor Stan Lee . A capa do comic realizado o lema "A revista que respeita a sua inteligência". Lee em 2009, descreveu esses "curtos, tiras de cinco páginas de enchimento que Steve e eu fizemos juntos", originalmente "colocados em qualquer um dos nossos quadrinhos que teve algumas páginas extras para encher", como "contos de fantasia estranhas que eu creme de com você O. Henry tipo [torção] terminações ". Dando um exemplo inicial do que viria a ser conhecido como o " Método Marvel "de escritor-artista colaboração, Lee disse:" Tudo o que eu tinha que fazer era dar Steve uma descrição de uma linha do enredo e ele estaria fora e correndo . Ele pegava aqueles esqueleto descreve eu havia lhe dado e transformá-los em clássicos pequenas obras de arte que acabaram sendo muito mais frio do que eu tinha direito de esperar ". Com a edição # 15 (agosto 1962) Fantasia Adulto surpreendente foi renomeado Amazing Fantasy e previsto para cancelamento. Sem nada a perder, editor Martin Goodman concordou em permitir que Lee para introduzir o Homem-Aranha, um novo tipo de super-herói - aquele que seria um adolescente, mas não um companheiro, e aquele que teria Everyman . dúvidas, neuroses e problemas de dinheiro Vendas de Amazing Fantasy # 15 provou ser uma das mais altas da Marvel no momento e The Amazing Spider-Man foi rapidamente lançado para capitalizar sobre a popularidade aparente o personagem novo. Embora a obra de arte interior foi por Steve Ditko sozinho, Lee rejeitado arte Ditko tampa e encomendado Jack Kirby para lápis uma tampa que Ditko coberto. Como Lee explicou em 2010: "Eu acho que tinha Jack esboçar uma capa para ele porque sempre tive muita confiança em capas de Jack." O lançamento do DVD da edição de colecionador do Homem-Aranha filme incluiu uma cópia eletrônica de Amazing Fantasy # 15. Em 2001, a Marvel publicou a visão geral de 10 questão histórica As 100 maiores maravilhas de todos os tempos , com Amazing Fantasy # 15 no topo da lista.Em 2008, um doador anônimo deixou a Biblioteca do Congresso dos originais 24 páginas de arte Ditko para Amazing Fantasy # 15, incluindo estréia do Homem-Aranha e as histórias "O sineiro", "Homem no Caso Múmia" e "Não são marcianos Among Us ". Em setembro de 2000, Comics Metropolis em New York City trouxe o único conhecido CGC copy-graduada 9,6 (near-mint plus) para o mercado e é vendido por 140.000 dólares. Em outubro de 2007, uma cópia de hortelã quase foi vendido por 210.000 dólares em um leilão online em ComicLink.com. A quase hortelã CGC-graduada 9,6 exemplar vendido por US $ 1,1 milhões para um colecionador anônimo em 7 de março de 2011.
Continuação em 1995
Durante décadas, não foram feitas tentativas de relançar o título ou para continuar com a # 16. No entanto, em 1995, a Marvel editor Danny Fingeroth decidiu uma lacuna existente entre história Amazing Fantasy # 15 e The Amazing Spider-Man # 1. Na tentativa de preencher essa lacuna, a Marvel publicou três de flashback do Homem-Aranha histórias em Amazing Fantasy # 16-18 (dezembro 1995 - março 1996), cada um escrito por Kurt Busiek . e pintados principalmente por Paul Lee
Continuação em 1995
Durante décadas, não foram feitas tentativas de relançar o título ou para continuar com a # 16. No entanto, em 1995, a Marvel editor Danny Fingeroth decidiu uma lacuna existente entre história Amazing Fantasy # 15 e The Amazing Spider-Man # 1. Na tentativa de preencher essa lacuna, a Marvel publicou três de flashback do Homem-Aranha histórias em Amazing Fantasy # 16-18 (dezembro 1995 - março 1996), cada um escrito por Kurt Busiek . e pintados principalmente por Paul Lee
Volume 2
O segundo volume da série teve 20 questões ( cover-datado agosto 2004 - junho de 2006), . e serviu para introduzir novos personagens para um público mais jovem quadrinhos
O primeiro arco percorreu vol. 2, # 1-6 e apresentava uma nova heroína adolescente, Araña . O arco segundo, em vol. 2, # 7-12, publicado depois de um curto hiato, contou com uma renovada versão feminina do supervillian o Scorpion . Uma característica back-up no vol. 2, # 10-12 (setembro-novembro 2005) protagonizou a personagem Nina Preço, Vampiro by Night . vol. 2, # 13-14 (ambos dezembro 2005), levou com o recurso moderno-Oeste "Vegas", apoiado por " Capitão Universo ". Na tentativa de reproduzir a história, a Marvel anunciou que a nova edição # 15 iria introduzir uma nova geração de heróis em uma edição autônoma de 48 páginas, na esperança de que eles viriam a se tornar tão popular quanto o Homem-Aranha. Estes heróis incluídos Mastermind Excello , Blackjack , o vídeo Grande , Monstro , Heartbreak Kid , e Positron . A tampa de # 15 foi uma versão melhorada do original Amazing Fantasy # 15 cobertura completa, com o Homem-Aranha balançando através de uma moderna cidade de Nova York , enquanto os novos heróis observam, encantados em segundo plano.
O arco final, em vol. 2, # 16-20 (de fevereiro a junho de 2006), introduziu Cabeça da Morte 3,0 , uma reformulação do Reino Unido Marvel personagem, escrito pelo criador da versão original, Simon Furman . Questões # 18-19 conter dois " Contos dos Novos Universo "histórias como recursos de backup, enquanto # 20 contou com uma cópia de segurança do Ocidente", Steamrider ".
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AMAZING ADVENTURES 1970-1976
Quinta-feira, 17.05.12
Amazing Adventures
Amazing Adventures é o nome de vários antologia de quadrinhos da série, apenas um publicado pela Marvel Comics .
A mais antiga série Marvel de mesmo nome introduziu o primeiro da empresa super-herói da tarde da década de 1950 para os fãs iniciais período de 1960 e os historiadores chamam de Era de Prata dos Quadrinhos . Essa mesma série também inclui a primeira história em quadrinhos a ser rotulado de "Marvel Comics".
A primeira série intitulada Amazing Adventures foi um 1950 de ficção científica antologia produzida pela Ziff-Davis e com capas pintadas. Ele correu por seis questões, começando c. 1950. com as duas primeiras edições sendo sem data. Questões subseqüentes foram datada de Junho, agosto e novembro de 1951, e Fall 1952. Seus artistas incluídos Murphy Anderson , Bernard Krigstein , e Don Perlin , e pelo menos uma questão (# 2) contou com uma pintura capa por Alex Schomburg .
Marvel Comics
1961 series
Primeira série da Marvel deste título estreou junho de 1961, e contou principalmente ficção científica e drive-in movie -style monstro histórias, quase todos desenhados pelo lendário artistas quadrinhos Jack Kirby ou Steve Ditko . Nomeadamente, a sua primeira edição apresentou o sobrenatural monstro caçador Droom Doctor , Idade da Marvel primeiro Prata dos Quadrinhos de super-heróis . Droom tinha poderes de telepatia e hipnótica sugestão ensinado por um tibetano lama que havia solicitado que a viagem que alguém o EUA para dar-lhe médica atenção (depois retconned como o Ancião , o feiticeiro mesmo que treinou Doutor Estranho ).Mais apêndice um monstro história do que uma séria tentativa de criar um personagem tridimensional na forma do próximo Homem-Aranha ou Quarteto Fantástico , Doutor Droom desapareceu na obscuridade durante anos, quando a série foi renomeada e reformulada como Fantasia Adulto surpreendente com # 7. Ele ressurgiu na década de 1970 como Doctor Druid , tendo sido renomeada para evitar confusão com o Doutor Destino . A série foi renomeado mais uma vez para a sua última edição, publicada em Amazing Fantasy # 15, a história em quadrinhos que introduziu o Homem-Aranha .
1970 series
Próximos da Marvel Amazing Adventures era um título dividido com o Inumanos (inicialmente escrito e desenhado por Jack Kirby, depois desenhada por Neal Adams ) e Viúva Negra (inicialmente pelo escritor Gary Friedrich e desenhista John Buscema ). A viúva foi abandonada depois de vol. 2, # 8, e as histórias de longa-metragem Inumanos correu para duas questões antes que o recurso também foi descartado.Vol. 2, # 11 (Março 1972) introduziu histórias solo de outrora X-Men membro da Besta , em que ele foi mutado em sua moderna azul-furred forma (originalmente cinza-pêlo). A história inicial era pelo escritor Gerry Conway , desenhista Tom Sutton , e Inker Shores Syd . Elenco de apoio da Besta incluídos Patsy Walker e seu ex-marido, "Buzz" Baxter, que mais tarde tornou-se o supervilão -Dog Mad . A série terminou com vol. 2, # 16 (Jan. 1973).
Na sequência de uma questão que reimpresso os recursos de backup recontando a origem da Besta (editado a partir de [Uncanny] X-Men # 49-53 (com um novo, de uma única página de introdução do escritor Steve Englehart e desenhista Jim Starlin ), o título apresenta a série " Guerra dos Mundos "e seu caráter central, Killraven , no vol. 2, # 18 (Maio de 1973). Criado por co-conspiradores Roy Thomas e Neal Adams , scripter Conway, e pencilers Adams e Howard Chaykin , foi tomado por escritor Don McGregor para uma execução de aclamado vol. 2, # 21 (Nov. 1973) para a saída final, vol. 2, # 39 (Nov. 1976). desenhistas foram Herb Trimpe , rico Buckler , Gene Colan , e, mais nomeadamente, P. Craig Russell de vol. 2, # 27.
Sua publicação irmã foi Astonishing Tales
1979 series
Volume 3 reimpresso [Uncanny] X-Men # 1-8, nos primeiros seis questões, das quais foram divididos em duas partes histórias. O recurso de backup foi "A Origem dos X-Men" de X-Men # 38-48, exceto em surpreendente aventuras vol. 3, # 12, em que o backup incongruente era um de 11 páginas, Jim Steranko " Nick Fury agente, da SHIELD "história" Terra Hoje Morreu ", de Strange Tales # 168 (maio 1968).
Oito capas da série 1979 eram reedições dos originais de Jack Kirby, artistas para o resto incluído desenhista John Byrne no vol. 2, # 6 e # 9.
Outros
O nome semelhante incrível aventura de alta era uma antologia publicada esporadicamente históricos , bíblicos e histórias de aventura de ficção científica de 1984 a 1986. Como os 1950 Ziff-Davis Amazing Adventures , que, também, caracterizado capas pintadas, com os artistas, incluindo Joe Chiodo , Cirocco Frank , Verde Dan , e John Bolton . A one-shot Amazing Adventures (Julho de 1988) foi semelhante.
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AMAZING ADVENTURES 1970-1976
Quinta-feira, 17.05.12
Amazing Adventures
Amazing Adventures é o nome de vários antologia de quadrinhos da série, apenas um publicado pela Marvel Comics .
A mais antiga série Marvel de mesmo nome introduziu o primeiro da empresa super-herói da tarde da década de 1950 para os fãs iniciais período de 1960 e os historiadores chamam de Era de Prata dos Quadrinhos . Essa mesma série também inclui a primeira história em quadrinhos a ser rotulado de "Marvel Comics".
A primeira série intitulada Amazing Adventures foi um 1950 de ficção científica antologia produzida pela Ziff-Davis e com capas pintadas. Ele correu por seis questões, começando c. 1950. com as duas primeiras edições sendo sem data. Questões subseqüentes foram datada de Junho, agosto e novembro de 1951, e Fall 1952. Seus artistas incluídos Murphy Anderson , Bernard Krigstein , e Don Perlin , e pelo menos uma questão (# 2) contou com uma pintura capa por Alex Schomburg .
Marvel Comics
1961 series
Primeira série da Marvel deste título estreou junho de 1961, e contou principalmente ficção científica e drive-in movie -style monstro histórias, quase todos desenhados pelo lendário artistas quadrinhos Jack Kirby ou Steve Ditko . Nomeadamente, a sua primeira edição apresentou o sobrenatural monstro caçador Droom Doctor , Idade da Marvel primeiro Prata dos Quadrinhos de super-heróis . Droom tinha poderes de telepatia e hipnótica sugestão ensinado por um tibetano lama que havia solicitado que a viagem que alguém o EUA para dar-lhe médica atenção (depois retconned como o Ancião , o feiticeiro mesmo que treinou Doutor Estranho ).Mais apêndice um monstro história do que uma séria tentativa de criar um personagem tridimensional na forma do próximo Homem-Aranha ou Quarteto Fantástico , Doutor Droom desapareceu na obscuridade durante anos, quando a série foi renomeada e reformulada como Fantasia Adulto surpreendente com # 7. Ele ressurgiu na década de 1970 como Doctor Druid , tendo sido renomeada para evitar confusão com o Doutor Destino . A série foi renomeado mais uma vez para a sua última edição, publicada em Amazing Fantasy # 15, a história em quadrinhos que introduziu o Homem-Aranha .
1970 series
Próximos da Marvel Amazing Adventures era um título dividido com o Inumanos (inicialmente escrito e desenhado por Jack Kirby, depois desenhada por Neal Adams ) e Viúva Negra (inicialmente pelo escritor Gary Friedrich e desenhista John Buscema ). A viúva foi abandonada depois de vol. 2, # 8, e as histórias de longa-metragem Inumanos correu para duas questões antes que o recurso também foi descartado.Vol. 2, # 11 (Março 1972) introduziu histórias solo de outrora X-Men membro da Besta , em que ele foi mutado em sua moderna azul-furred forma (originalmente cinza-pêlo). A história inicial era pelo escritor Gerry Conway , desenhista Tom Sutton , e Inker Shores Syd . Elenco de apoio da Besta incluídos Patsy Walker e seu ex-marido, "Buzz" Baxter, que mais tarde tornou-se o supervilão -Dog Mad . A série terminou com vol. 2, # 16 (Jan. 1973).
Na sequência de uma questão que reimpresso os recursos de backup recontando a origem da Besta (editado a partir de [Uncanny] X-Men # 49-53 (com um novo, de uma única página de introdução do escritor Steve Englehart e desenhista Jim Starlin ), o título apresenta a série " Guerra dos Mundos "e seu caráter central, Killraven , no vol. 2, # 18 (Maio de 1973). Criado por co-conspiradores Roy Thomas e Neal Adams , scripter Conway, e pencilers Adams e Howard Chaykin , foi tomado por escritor Don McGregor para uma execução de aclamado vol. 2, # 21 (Nov. 1973) para a saída final, vol. 2, # 39 (Nov. 1976). desenhistas foram Herb Trimpe , rico Buckler , Gene Colan , e, mais nomeadamente, P. Craig Russell de vol. 2, # 27.
Sua publicação irmã foi Astonishing Tales
1979 series
Volume 3 reimpresso [Uncanny] X-Men # 1-8, nos primeiros seis questões, das quais foram divididos em duas partes histórias. O recurso de backup foi "A Origem dos X-Men" de X-Men # 38-48, exceto em surpreendente aventuras vol. 3, # 12, em que o backup incongruente era um de 11 páginas, Jim Steranko " Nick Fury agente, da SHIELD "história" Terra Hoje Morreu ", de Strange Tales # 168 (maio 1968).
Oito capas da série 1979 eram reedições dos originais de Jack Kirby, artistas para o resto incluído desenhista John Byrne no vol. 2, # 6 e # 9.
Outros
O nome semelhante incrível aventura de alta era uma antologia publicada esporadicamente históricos , bíblicos e histórias de aventura de ficção científica de 1984 a 1986. Como os 1950 Ziff-Davis Amazing Adventures , que, também, caracterizado capas pintadas, com os artistas, incluindo Joe Chiodo , Cirocco Frank , Verde Dan , e John Bolton . A one-shot Amazing Adventures (Julho de 1988) foi semelhante.
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ALL-SELETIC COMICS 1943-1946
Quinta-feira, 17.05.12
ALL-SELECT COMICS é um americano de quadrinhos da série publicada pela Timely Comics , a antecessora de 1940 Marvel Comics , os fãs durante a época e os historiadores chamam de Idade de Ouro dos quadrinhos . Uma série omnibus com diferentes vários super-herói e outras características de cada questão, principalmente estrelou o Capitão América eo original Tocha Humana , dois dos oportunos de personagens mais populares, assim como estrela oportuna companheiro o Sub-Mariner em vários.
História da publicação
Tudo Comics Select correu 11 questões, cover-datado outono de 1943 para Fall 1945. A série foi rebatizada Loira Fantasma Comics de questões # 12-22 (1947 - março 1949), e renovada como os romances em quadrinhos dos amantes de # 23-86 (Maio de 1949 - agosto 1957). As primeiras 10 questões de todos os quadrinhos Select estrelou os super-heróis Capitão América eo original Tocha Humana , bem como Namor o Sub-Mariner nos primeiros cinco questões mais # 10 (Verão 1946). O fantasiados combatente do crime o Fantasma Loiro , criado pelo escritor-editor Stan Lee e artista Syd Shores , estreou em todos os quadrinhos Select # 11 (Outono 1946). A mesma questão também introduziu o recurso de "Wu" (aka "The Mysterious Mr. Wu"), estrelado por Marvel Comics 'primeiro asiático herói, um asiático- indígena detetive particular , que passou a fazer uma aparição adicional oportuno, em Fantasma Loiro # 12. Outros super-heróis oportunas que aparecem em várias questões foram a Idade de Ouro Viúva Negra , o Destruidor , o super-velocista Whizzer , e, na edição final, a Miss América . A guerra quadrinhos recurso "Jap Buster Johnson", sobre um dois punhos da Marinha dos EUA tenente para vingar seu amigo morto, apareceu em três temas, sendo o humor militar característica "Jeep Jones" em dois.Escritores e artistas sobre os diversos recursos incluídos Vince Alascia , Larry Antonette , Ken Bald , Dan Barry , Bellman Allen , Jack Binder , Stan Drake , Al Gabriele , Chad Grothkopf , Carl Pfeufer , Bob Powell , Pedra Chic , e, na edição final , Lee, Shores, Charles Nicholas e Ed Winiarski .Todas as tampas eram por Alex Schomburg , exceto o último, por Shores.
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ALL-SELETIC COMICS 1943-1946
Quinta-feira, 17.05.12
ALL-SELECT COMICS é um americano de quadrinhos da série publicada pela Timely Comics , a antecessora de 1940 Marvel Comics , os fãs durante a época e os historiadores chamam de Idade de Ouro dos quadrinhos . Uma série omnibus com diferentes vários super-herói e outras características de cada questão, principalmente estrelou o Capitão América eo original Tocha Humana , dois dos oportunos de personagens mais populares, assim como estrela oportuna companheiro o Sub-Mariner em vários.
História da publicação
Tudo Comics Select correu 11 questões, cover-datado outono de 1943 para Fall 1945. A série foi rebatizada Loira Fantasma Comics de questões # 12-22 (1947 - março 1949), e renovada como os romances em quadrinhos dos amantes de # 23-86 (Maio de 1949 - agosto 1957). As primeiras 10 questões de todos os quadrinhos Select estrelou os super-heróis Capitão América eo original Tocha Humana , bem como Namor o Sub-Mariner nos primeiros cinco questões mais # 10 (Verão 1946). O fantasiados combatente do crime o Fantasma Loiro , criado pelo escritor-editor Stan Lee e artista Syd Shores , estreou em todos os quadrinhos Select # 11 (Outono 1946). A mesma questão também introduziu o recurso de "Wu" (aka "The Mysterious Mr. Wu"), estrelado por Marvel Comics 'primeiro asiático herói, um asiático- indígena detetive particular , que passou a fazer uma aparição adicional oportuno, em Fantasma Loiro # 12. Outros super-heróis oportunas que aparecem em várias questões foram a Idade de Ouro Viúva Negra , o Destruidor , o super-velocista Whizzer , e, na edição final, a Miss América . A guerra quadrinhos recurso "Jap Buster Johnson", sobre um dois punhos da Marinha dos EUA tenente para vingar seu amigo morto, apareceu em três temas, sendo o humor militar característica "Jeep Jones" em dois.Escritores e artistas sobre os diversos recursos incluídos Vince Alascia , Larry Antonette , Ken Bald , Dan Barry , Bellman Allen , Jack Binder , Stan Drake , Al Gabriele , Chad Grothkopf , Carl Pfeufer , Bob Powell , Pedra Chic , e, na edição final , Lee, Shores, Charles Nicholas e Ed Winiarski .Todas as tampas eram por Alex Schomburg , exceto o último, por Shores.
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BIOGRAFIA BEZERRA DE MENEZES
Quinta-feira, 17.05.12
A VIDA DO FILOSOFO,ESPIRITA,EMPRESARIO,POLITICO,MEDICO O APOSTOLO DA CARIDADE
BEZERRA DE MENEZES NO Wikipédia
Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti (Riacho do Sangue, 29 de agosto de 1831 — Rio de Janeiro, 11 de abril de 1900) foi um médico, militar, escritor, jornalista, político e expoente da Doutrina Espírita no Brasil.
Infância e juventude
Descendente de antiga família de fazendeiros de criação, ligada à política e ao militarismo na Província do Ceará, era filho de Antônio Bezerra de Menezes (tenente-coronel da Guarda Nacional) e de Fabiana de Jesus Maria Bezerra.
Em 1838, aos sete anos de idade, ingressou na escola pública da Vila do Frade (adjacente ao Riacho do Sangue, atual Jaguaretama) onde, em dez meses, aprendeu os princípios da educação elementar.
Em 1842, como consequência de perseguições políticas e dificuldades financeiras, a sua família mudou-se para a antiga vila de Maioridade (serra do Martins), no Rio Grande do Norte, onde o jovem, então com onze anos de idade, foi matriculado na aula pública de latim. Em dois anos já substituía o professor em classe, em seus impedimentos.
Em 1846, a família retornou à Província do Ceará, fixando residência na capital, Fortaleza. O jovem foi matriculado no Liceu do Ceará, onde concluiu os estudos preparatórios.
A carreira na Medicina
Nesse período a Câmara Municipal do Município Neutro tinha como presidente Roberto Jorge Haddock Lobo, do Partido Conservador. Ao mesmo tempo, Bezerra de Menezes já se notabilizara pela actuação profissional e pelo trabalho voltado à população carente. Desse modo, em 1860, em uma reunião política, alguns amigos levantaram a candidatura de Bezerra de Menezes, pelo Partido Liberal, como representante da paróquia de São Cristóvão, onde então residia, à Câmara. Ciente da indicação, Bezerra recusou-a inicialmente, mas, por insistência, acabou se comprometendo apenas em não fazer uma declaração pública de recusa dos votos que lhe fossem outorgados.Abertas as urnas e apurados os votos, Bezerra fora eleito. Os seus adversários, liderados por Haddock Lobo, impugnaram a posse sob o argumento de que militares de Segunda Classe não podiam exercer o cargo de Vereador. Desse modo, para apoiar o Partido, que necessitava dele para obter a maioria na Câmara, decidiu requerer exoneração do Corpo de Saúde (26 de Março de 1861). Desfeito o impedimento, foi empossado no mesmo ano. Foi reeleito vereador da Câmara Municipal do Município Neutro para o período de 1864 a 1868.Foi eleito deputado Provincial pelo Rio de Janeiro em 1866, apesar da oposição do então primeiro-ministro Zacarias de Góis e dos chefes liberais - senador Bernardo de Sousa Franco (visconde de Sousa Franco) e deputado Francisco Otaviano de Almeida Rosa. Empossado em 1867, a Câmara dos Deputados foi dissolvida no ano seguinte (1868), devido à ascensão do Partido Conservador.Retornou à política como vereador no período de 1873 a 1885, ocupando várias vezes as funções de presidente interino da Câmara Municipal, efectivando-se em julho de 1878, cargo que corresponderia atualmente ao de Prefeito.Foi eleito deputado geral pela Província do Rio de Janeiro no período de 1877 a 1885, ano em que encerrou a sua carreira política. Neste período acumulou o exercício da presidência da Câmara e do Poder Executivo Municipal. Em sua atuação como deputado, destacam-se algumas iniciativas pioneiras: buscou, através de projeto de lei, regulamentar o trabalho doméstico, visando conceder a essa categoria, inclusive, o aviso prévio de 30 dias; denunciou os perigos da poluição que já naquela época afetava a população do Rio de Janeiro, promovendo providências para combatê-la. Foi membro, a partir de 1882, das Comissões de Obras Públicas, Redação e Orçamento.
Vida empresarial
Foi sócio fundador da Companhia Estrada de Ferro Macaé e Campos (1870). Empenhou-se na construção da Estrada de Ferro Santo Antônio de Pádua, pretendendo estendê-la até ao rio Doce, projeto que não conseguiu concretizar (c. 1872). Foi um dos directores da Companhia Arquitetônica de Vila Isabel, fundada em Outubro de 1873 por João Batista Viana Drummond (depois barão de Drummond) para empreender a urbanização do bairro de Vila Isabel.Em 1875, foi presidente da Companhia Ferro-Carril de São Cristóvão, período em que os trilhos da empresa alcançavam os bairros do Caju e da Tijuca.
Militância intelectual
Durante a campanha abolicionista publicou o ensaio "A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação" (1869), onde não só defende a liberdade aos escravos, mas também a inserção e adaptação dos mesmos na sociedade por meio da educação. Nesta obra, Bezerra se auto-intitula um liberal, e propõe que se imitasse os ingleses, que na época já haviam abolido a escravidão de seus domínios.
Expôs os problemas de sua região natal em outro ensaio publicado, "Breves considerações sobre as secas do Norte" (1877). Alguns indicam que foi autor de biografias sobre o visconde do Uruguai e o visconde de Caravelas, personalidades ilustres do Império do Brasil. Foi redactor d'A Reforma, órgão liberal no Município Neutro, e, de 1869 a 1870, redator do jornal Sentinela da Liberdade. Escreveu também outras obras, como "A Casa Assombrada", "A Loucura sob Novo Prisma", "A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica", "Casamento e Mortalha", "Pérola Negra", "Lázaro, o Leproso", "Os Carneiros de Panúrgio", "História de um Sonho" e "Evangelho do Futuro".
Sabe-se que Bezerra de Menezes era fluente em pelo menos três línguas além do português: latim, espanhol e francês.
Militância espírita
Conheceu a Doutrina Espírita quando do lançamento da tradução em língua portuguesa de O Livro dos Espíritos (sem data, em 1875), através de um exemplar que lhe foi oferecido com dedicatória pelo seu tradutor, o também médico Dr. Joaquim Carlos Travassos. Sobre o contacto com a obra, o próprio Bezerra registrou posteriormente:
"Deu-mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distracção para a longa viagem, disse comigo: ora, Deus! Não hei de ir para o inferno por ler isto… Depois, é ridículo confessar-me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!… Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no 'O Livro dos Espíritos'. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença."
Contribuiu para a sua adesão o contato com as "curas extraordinárias" obtidas pelo médium João Gonçalves do Nascimento (1844-1916), em 1882.
Com o lançamento do periódico Reformador, por Augusto Elias da Silva em 1883, passou a colaborar com a redacção de artigos doutrinários.
Após estudar por alguns anos as obras de Allan Kardec, em 16 de agosto de 1886, aos cinquenta e cinco anos de idade, perante grande público (estimado, conforme os seus biógrafos, entre mil e quinhentas e duas mil pessoas) no salão de conferências da Guarda Velha, no Rio de Janeiro, em longa alocução, justificou a sua opção em abraçar o Espiritismo. O evento chegou a ser referido em nota publicada pelo "O Paiz".
No ano seguinte, a pedido da Comissão de Propaganda do Centro da União Espírita do Brasil, inicia a publicação de uma série de artigos sobre a Doutrina em O Paiz, periódico de maior circulação da época.Na seção intitulada "Spiritismo - Estudos Philosophicos", os artigos saíram regularmente aos domingos, no período de 23 de outubro de 1887 a dezembro de 1893, assinados sob o pseudónimo "Max".
Na década de 1880 o incipiente movimento espírita na capital (e no país) estava marcado pela dispersão de seus adeptos e das entidades em que se reuniam. Havia, ainda, uma clara divisão entre os espíritas ditos "místicos" (defensores de uma visão religiosa da doutrina), e os chamados "científicos" (defensores de um olhar filosófico e científico).
Em 1889, Bezerra foi percebido como o único capaz de superar as divisões, vindo a ser eleito presidente da Federação Espírita Brasileira. Nesse período, iniciou o estudo sistemático de "O Livro dos Espíritos" nas reuniões públicas das sextas-feiras, passando a redigir o Reformador; exerceu ainda a tarefa de doutrinador de espíritos obsessores. Organizou e presidiu um Congresso Espírita Nacional (Rio de Janeiro, 14 de abril), com a presença de 34 delegações de instituições de diversos estados.[nb 4] Assumiu a presidência do Centro da União Espírita do Brasil a 21 de abril e, a 22 de dezembro de 1890, oficiou ao então presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca, em defesa dos direitos e da liberdade dos espíritas contra certos artigos do Código Penal Brasileiro de 1890.
De 1890 a 1891 foi vice-presidente da FEB na gestão de Francisco de Menezes Dias da Cruz, época em que traduziu o livro "Obras Póstumas" de Allan Kardec, publicado em 1892. Em fins de 1891, registravam-se importantes divergências internas entre os espíritas e fortes ataques ao exteriores ao movimento. Bezerra de Menezes afastou-se por algum tempo, continuando a frequentar as reuniões do Grupo Ismael e a redação dos artigos semanais em "O Paiz", que encerrou ao final de 1893.Aprofundando-se as discórdias na instituição, foi convidado em 1895 a reassumir a presidência da FEB (eleito em 3 de Agosto desse ano), função que exerceu até à data de seu falecimento. Nesta gestão iniciou o estudo semanal de "O Evangelho segundo o Espiritismo", fundou a primeira livraria espírita no país e ocorreu a vinculação da instituição ao Grupo Ismael e à Assistência aos Necessitados.
Foi em meio a grandes dificuldades financeiras que um acidente vascular cerebral o acometeu, na manhã de 11 de abril de 1900. Não faltaram aqueles, pobres e ricos, que socorreram a família, liderados pelo Senador Quintino Bocaiúva. No dia seguinte, na primeira página de "O Paiz", foi lhe dedicado um longo necrológio, chamando-o de "eminente brasileiro". Recebeu ainda homenagem da Câmara Municipal do então Distrito Federal pela conduta e pelos serviços dignos.
Ao longo da vida acumulou inúmeros títulos de cidadania.
Bezerra de Menezes deu o nome a uma das embarcações a vapor da Estrada de Ferro Macaé e Campos que, fretado à Companhia Terrestre e Marítima do Rio de Janeiro, naufragou em Angra dos Reis a 29 de Janeiro de 1891. Não houve vítimas fatais.Com relação ao aspecto missionário da vida de Bezerra de Menezes, a obra Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, de Chico Xavier, atribuído ao espírito de Humberto de Campos, afirma:"Descerás às lutas terrestres com o objetivo de concentrar as nossas energias no país do Cruzeiro, dirigindo-as para o alvo sagrado dos nossos esforços. Arregimentarás todos os elementos dispersos, com as dedicações do teu espírito, a fim de que possamos criar o nosso núcleo de atividades espirituais, dentro dos elevados propósitos de reforma e regeneração."Bezerra foi também homenageado em Anápolis, Goiás, em 1982, com o nome de uma escola de ensino fundamental - Escola de 1º Grau Bezerra de Menezes -, que atende a 200 alunos conveniados com a rede estadual de Goiás. Em Fortaleza, capital do estado do Ceará, sua terra natal, há uma avenida com o seu nome, situada no então distrito que levava o nome de seu pai, Antônio Bezerra, atualmente desmembrado em vários bairros, sendo a mencionada avenida situada entre os bairros Parquelândia, São Gerardo e Otávio Bonfim.Em São José do Rio Preto, SP, o maior Hospital Psiquiátrico, que atende a toda a região, também leva o nome de Bezerra de Menezes.
O TITULO O "Kardec Brasileiro"
Pela atuação destacada no movimento espírita da capital brasileira no último quartel do século XIX, Bezerra de Menezes foi considerado um modelo para muitos adeptos da Doutrina. Destacam-lhe a índole caridosa, a perseverança, e a disposição amorosa para superar os desafios. Essas características, somadas à sua militância na divulgação e na reestruturação do movimento espírita no país, fizeram com que fosse considerado o "Kardec Brasileiro", numa homenagem devida ao papel de relevância que desempenhou. Muitos seguidores acreditam, ainda, que Bezerra de Menezes continua, em espírito, a orientar e influenciar o movimento espírita. É considerado patrono de centenas de instituições espíritas em todo o mundo.
O FILME
A vida de Bezerra de Menezes foi transposta para o cinema, na película Bezerra de Menezes - O Diário de Um Espírito, com direção de Glauber Santos Paiva Filho e Joel Pimentel. O elenco é integrado por Carlos Vereza no papel título, Caio Blat e Paulo Goulart Filho, e com a participação especial de Lúcio Mauro. A produção foi orçada aproximadamente em R$ 2,7 milhões, a cargo da Trio Filmes e Estação da Luz, com locações no Ceará, Pernambuco, Distrito Federal e Rio de Janeiro, tendo envolvido a mão-de-obra de uma equipe de cento e cinquenta pessoas. O lançamento do filme deu-se em 29 de agosto de 2008.
Instituições de que foi membro
Efectivo da Academia Nacional de Medicina e honorário da Secção Cirúrgica.
Instituto Farmacêutico
Sociedade de Geografia de Lisboa
Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional
Sociedade Físico-Química
Sociedade Propagadora das Belas Artes
Sociedade Beneficência Cearense (Presidente)
Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro (Conselheiro)
Companhia Ferro-Carril de São Cristóvão (Presidente)
Companhia Estrada de Ferro Macaé e Campos (Fundador)
Companhia Arquitetônica de Vila Isabel (Director)
Artigos e obras publicadas
Artigos e obras publicadas
1856 - "Diagnóstico do cancro"
1857 - "Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento"
1859 - "Curare". (Anais Bras. de Medicina v. 1859-1860 p.121-129)
1869 - "A Escravidão no Brasil, e medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação"
1877 - "Breves considerações sobre as secas do Norte"
- "Das operações reclamadas pelo estreitamento da uretra"
Biografia de Manuel Alves Branco, visconde de Caravelas
Biografia de Paulino José Soares de Sousa, visconde do Uruguai
1892 - publicação da sua tradução de Obras Póstumas, de Allan Kardec
1902 - "A Casa Assombrada" (romance originalmente publicado no Reformador e, postumamente, em livro, pela FEB)
1907 - "Espiritismo (Estudos Filosóficos)" (coletânea dos artigos publicados em O Paiz no período de 1877 a 1894, publicada pela FEB em três volumes)
1983 - "Os Carneiros de Panúrgio" (romance originalmente publicado no Reformador e, postumamente, em livro, pela FEESP)
1946 - "A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica" ou "Uma carta de Bezerra de Menezes" (réplica a seu irmão que lhe exprobrava a conversão ao Espiritismo, publicada postumamente, em livro, pela FEB)
1920 - "A Loucura sob novo prisma" (estudo etiológico sobre as perturbações mentais, publicado pela FEB)
"Casamento e mortalha" (romance, incompleto)
"Evangelho do Futuro"
"História de um Sonho"
"Lázaro, o Leproso"
"O Bandido"
"Os Mortos que Vivem"
"Pérola Negra"
"Segredos da Natura"
"Viagem através dos Séculos"
Principais obras e mensagens mediúnicas atribuídas a Bezerra de Menezes
Através de Divaldo Pereira Franco, comunicações nas seguintes obras1991 – "Compromissos Iluminativos" (coletânea de mensagens, ed. LEAL)Através de Francisco Cândido Xavier, comunicações nas seguintes obras1973 - "Bezerra, Chico e Você" (coletânea de mensagens, ed. GEEM)1986 - "Apelos Cristãos" (coletânea de mensagens, ed. UEM)"Nosso Livro""Cartas do Coração""Instruções Psicofônicas""O Espírito da Verdade""Relicário de Luz""Dicionário d'Alma""Antologia Mediúnica do Natal""Caminho Espírita""Luz no Lar"Através de Francisco de Assis Periotto, comunicações nas seguintes obras2001 - "Fluidos de Luz: ensinamentos de Bezerra de Menezes" (Ed. Elevação)2002 - "Fluidos de Paz: ensinamentos de Bezerra de Menezes" (Ed. Elevação)2006 - "Conversando com seu Anjo da Guarda - ensinamentos de Bezerra de Menezes sobre a Agenda Espiritual " (Ed. Elevação)Através de Maria Cecília Paiva, comunicações nas seguintes obras"Garimpos do Além" (coletânea de mensagens, ed. Instituto Maria).Através de Waldo Vieira, comunicações nas seguintes obras"Entre Irmãos de Outras Terras""Seareiros de Volta"Através de Yvonne do Amaral Pereira, comunicações nas seguintes obras1955 – "Nas Telas do Infinito" (1ª. Parte, romance, ed. FEB)1957 – "A Tragédia de Santa Maria" (romance, ed. FEB)1964 – "Dramas da Obsessão" (romance, ed. FEB)1968 – "Recordações da Mediunidade" (relatos e orientações, ed. FEB)
http://www.espiritismogi.com.br.
Adolfo Bezerra de Menezes nasceu na antiga Freguesia do Riacho do Sangue (hoje Jaguaretama), no Estado do Ceará, no dia 29 de agosto de 1831, desencarnando no Rio da Janeiro, no dia 11 de abril de 1900.
No ano de 1838 entrou para a escola pública da Vila do Frade, onde, em dez meses apenas, preparou-se, suficientemente, até onde dava os conhecimentos do professor que dirigia a primeira fase de sua educação. Muito cedo revelou a sua fulgurante inteligência, pois aos 11 anos de idade iniciava o curso de Humanidades e, aos 13 anos, conhecia tão bem o latim que ele próprio o ministrava aos seus companheiros, substituindo o professor da classe em seus impedimentos.
Seu pai, o capitão das antigas milícias e tenente- coronel da Guarda Nacional, Antônio Bezerra de Menezes, homem severo, de honestidade a toda prova e de ilibado caráter, tinha bens de fortuna em fazendas de criação. Com a política, e por efeito do seu bom coração, que o levou a dar abonos de favor a parentes e amigos, que o procuravam para explorar- lhe os sentimentos de caridade, comprometeu aquela fortuna. Percebendo, porém, que seus débitos igualavam seus haveres, procurou os credores e lhes propôs entregar tudo o que possuía, o que era suficiente para integralizar a dívida. Os credores, todos seus amigos, recusaram a proposta, dizendo- lhe que pagasse como e quando quisesse.
O velho honrado insistiu; porém, não conseguiu demover os credores sobre essa resolução, por isso deliberou tornar- se mero administrador do que fora sua fortuna, não retirando dela senão o que fosse estritamente necessário para a manutenção da sua família, que assim passou da abastança às privações.
Animado do firme propósito de orientar- se pelo caráter íntegro de seu pai, Bezerra de Menezes, com minguada quantia que seus parentes lhe deram, e animado do propósito de sobrepujar todos os óbices, partiu para o Rio de Janeiro a fim de seguir a carreira que sua vocação lhe inspirava: a Medicina.
Em novembro de 1852, ingressou como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Doutorou- se em 1856 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, defendendo a tese "Diagnóstico do Cancro". Nessa altura abandonou o último patronímico, passando a assinar apenas Adolfo Bezerra de Menezes. A 27 de abril de 1857, candidatou-se ao quadro de membros titulares da Academia Imperial de Medicina, com a memória "Algumas Considerações sobre o Cancro encarado pelo lado do Tratamento". O parecer foi lido pelo relator designado, Acadêmico José Pereira Rego, a 11 de maio de 1857, tendo a eleição se efetuado a 18 de maio do mesmo ano e a posse a 1.o. de junho. Em 1858 candidatou- se a uma vaga de lente substituto da Secção de Cirurgia da Faculdade de Medicina. Por intercessão do mestre Manoel Feliciano Pereira de Carvalho, então Cirurgião- Mor do Exército, Bezerra de Menezes foi nomeado seu assistente, no posto de Cirurgião- Tenente.
Eleito vereador municipal pelo Partido Liberal, em 1861, teve sua eleição impugnada pelo chefe conservador Haddock Lobo, sob a alegação de ser medico militar. Com o objetivo de servir o seu partido, que necessitava dele para ter maioria na Câmara, resolveu afastar-se do Exército. Em 1867, foi eleito Deputado Geral, tendo ainda figurado numa lista tríplice para uma carreira no Senado.
Quando político, levantaram-se contra ele, a exemplo do que sucede com todos os políticos honestos, rudes campanhas de injuria, cobrindo seu nome de impropérios entretanto, a prova da pureza de sua alma, deu-a, quando deliberou abandonar a vida publica e dedicar-se aos pobres, repartindo com os necessitados o pouco que possuía. Corria sempre ao casebre do pobre onde houvesse um mal a combater, levando ao aflito o conforto de sua palavra de bondade, o recurso da sua profissão de médico e o auxilio da sua bolsa minguada e generosa.
Afastado interinamente da atividade política, dedicou-se a empreendimentos empresariais criou a Companhia Estrada de Ferro Macaé/Campos, na então província do Rio de Janeiro. Posteriormente, empenhou-se na construção da via férrea de Santo Antônio de Pádua, pretendendo levá-la ate o Rio Doce, desejo que não conseguiu realizar. Foi um dos diretores da Companhia Arquitetônica que, em 1872 abriu o Boulevard 28 de Setembro , no então bairro de Vila Isabel. Em 1875, foi presidente da Companhia Carril de São Cristóvão. Voltando a política, foi eleito vereador em 1876, exercendo o mandato ate 1880. Foi ainda presidente da Câmara e Deputado Geral pela Província do Rio de Janeiro, no ano de 1880.
O Dr. Carlos Travassos havia empreendido a primeira tradução das obras de Allan Kardec e levara a bom termo a versão portuguesa de "O Livro dos Espíritos". Logo que esse livro saiu do prelo levou um exemplar ao deputado Bezerra de Menezes, entregando- o com dedicatória. O episódio foi descrito do seguinte modo pelo futuro Médico dos Pobres: "Deu- mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, adeus! Não hei de ir para o inferno por ler isto… Depois, é ridículo confessar- me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi- me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!… Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no "O Livro dos Espíritos". Preocupei- me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença".
Demonstrada a sua capacidade literária no terreno filosófico, que pelas replicas, quer pelos estudos doutrinários, a Comissão de Propaganda da União Espirita do Brasil incumbiu Bezerra de Menezes de escrever, aos domingos, no O Paiz , tradicional órgão da imprensa brasileira, dirigido por Quintino Bocaiúva, uma serie de artigos sob o titulo O Espiritismo – Estudos Filosóficos . Os artigos de Max , pseudônimo de Bezerra de Menezes, marcaram a época de ouro da propaganda espirita no Brasil. Esses artigos foram publicados, ininterruptamente, de 1886 a 1893.
Da bibliografia de Bezerra de Menezes, antes e após a sua conversão do Espiritismo, constam os seguintes trabalhos: "A Escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação", "Breves considerações sobre as secas do Norte", "A Casa Assombrada", "A Loucura sob Novo Prisma", "A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica", "Casamento e Mortalha", "Pérola Negra", "Lázaro — o Leproso", "História de um Sonho", "Evangelho do Futu
ro". Escreveu ainda várias biografias de homens célebres, como o Visconde do Uruguai, o Visconde de Carvalas, etc. Foi um dos redatores de "A Reforma", órgão liberal da Corte, e redator do jornal "Sentinela da Liberdade".
No dia 16 de agosto de 1886, um auditório de cerca de duas mil pessoas da melhor sociedade enchia a sala de honra da Guarda Velha, na rua da Guarda Velha, atual Avenida 13 de Maio, no Rio de Janeiro, para ouvir em silêncio, emocionado, atônito, a palavra sábia do eminente político, do eminente médico, do eminente cidadão, do eminente católico, Dr. Bezerra de Menezes, que proclamava a sua decidida conversão ao Espiritismo.
Bezerra de Menezes tinha o encargo de medico como verdadeiro sacerdócio por isso, dizia: Um medico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de escolher hora, nem de perguntar se e´ longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate a porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro o que, sobretudo, pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem chora a porta que procure outro, esse não e´ medico, e´ negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura. Esse e´ um infeliz, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única esportula que podia saciar a sede de riqueza do seu Espirito, a única que jamais se perdera nos vais-e-vens da vida.
No ano de 1883, reinava um ambiente francamente dispersivo no seio do Espiritismo no Brasil, e os que dirigiam os núcleos espiritas do Rio de Janeiro sentiam a necessidade de uma união mais estreita e indestrutível.
Os Centros Espiritas, onde se ministrava a Doutrina, trabalhavam de forma autônoma. Cada um deles exercia sua atividade em um determinado setor, despreocupado em conhecer as atividades dos demais. Esse estado de coisas levou-os a fundação da Federação Espirita Brasileira (FEB).
Nessa época, já existiam muitas sociedades espiritas, porem as únicas que mantinham a hegemonia eram quatro: a Acadêmica, a Fraternidade, a União Espirita do Brasil e a Federação Espirita Brasileira. Entretanto, logo surgiram entre elas rivalidades e discórdias. Sob os auspícios de Bezerra de Menezes, e acatando importantes instruções, dadas por Allan Kardec, através do médium Frederico Júnior, foi fundado o famoso Centro Espirita porem nem por isso deixava Bezerra de dar a sua cooperação a todas as outras instituições.
O entusiasmo dos espíritas logo se arrefeceu, e o velho seareiro se viu desamparado dos seus companheiros, chegando a ser o único freqüentador do Centro. A cisão era profunda entre os chamados "místicos" e "científicos", ou seja, espíritas que aceitavam o Espiritismo em seu aspecto religioso, e os que o aceitavam simplesmente pelo lado científico e filosófico.
Em 1893, a convulsão provocada no Brasil pela Revolta da Armada, ocasionou o fechamento de todas as sociedades espíritas ou não. No Natal do mesmo ano Bezerra encerrou a série de "Estudos Filosóficos" que vinha publicando no "O Paiz".
Em 1894, o ambiente demonstrou tendências de melhora e o nome de Bezerra foi lembrado como o único capaz de unificar a família espírita. O infatigável batalhador, com 63 anos de idade, assumiu a presidência da Federação Espirita Brasileira.
Iniciava- se o ano de 1900, e Bezerra de Menezes foi acometido de violento ataque de congestão cerebral, que o prostrou no leito, de onde não mais se levantaria.
Verdadeira romaria de visitantes acorria à sua casa. Ora o rico, ora o pobre, ora o opulento, ora o que nada possuía.
Ninguém desconhecia a luta tremenda em que se debatia a família do grande apóstolo do Espiritismo. Todos conheciam suas dificuldades financeiras, mas ninguém teria a coragem de oferecer fosse o que fosse, de forma direta. Por isso, os visitantes depositavam suas espórtulas, delicadamente, debaixo do seu travesseiro. No dia seguinte, a pessoa que lhe foi mudar as fronhas, surpreendeu- se por ver ali desde o tostão do pobre até a nota de duzentos mil reis do abastado!…
Desencarnou em 11 de abril de 1900. Ocorrida a sua desencarnação, verdadeira peregrinação demandou sua residência a fim de prestar- lhe a última visita.
No dia 17 de abril, promovido por Leopoldo Cirne, reuniram- se alguns amigos de Bezerra, a fim de chegarem a um acordo sobre a melhor maneira de amparar a sua família, tendo então sido formada uma comissão que funcionou sob a presidência de Quintino Bocaiúva, senador da República, para se promover espetáculos e concertos, em benefício da família daquele que mereceu o cognome de "Kardec Brasileiro".
Digno de registro foi um caso sucedido com o Dr. Bezerra de Menezes, quando ainda era estudante de Medicina. Ele estava em sérias dificuldades financeiras, precisando da quantia de cinqüenta mil réis (antiga moeda brasileira), para pagamento das taxas da Faculdade e para outros gastos indispensáveis em sua habitação, pois o senhorio, sem qualquer contemplação, ameaçava despejá-lo.
Desesperado — uma das raras vezes em que Bezerra se desesperou na vida — e como não fosse incrédulo, ergueu os olhos ao Alto e apelou a Deus.
Poucos dias após bateram- lhe à porta. Era um moço simpático e de atitudes polidas que pretendia tratar algumas aulas de Matemática.
Bezerra recusou, a princípio, alegando ser essa matéria a que mais detestava, entretanto, o visitante insistiu e por fim, lembrando- se de sua situação desesperadora, resolveu aceitar.
O moço pretextou então que poderia esbanjar a mesada recebida do pai, pediu licença para efetuar o pagamento de todas as aulas adiantadamente. Após alguma relutância, convencido, acedeu. O moço entregou- lhe então a quantia de cinqüenta mil réis. Combinado o dia e a hora para o início das aulas, o visitante despediu- se, deixando Bezerra muito feliz, pois conseguiu assim pagar o aluguel e as taxas da Faculdade. Procurou livros na biblioteca pública para se preparar na matéria, mas o rapaz nunca mais apareceu.
No ano de 1894, em face das dissensões reinantes no seio do Espiritismo brasileiro, alguns confrades, tendo à frente o Dr. Bittencourt Sampaio, resolveram convidar Bezerra a fim de assumir a presidência da Federação Espírita Brasileira.
Em vista da relutância dele em assumir aquele espinhoso encargo, travou- se a seguinte conversação:
– Querem que eu volte para a Federação. Como vocês sabem aquela velha sociedade está sem presidente e desorientada. Em vez de trabalhos metódicos sobre Espiritismo ou sobre o Evangelho, vive a discutir teses bizantinas e a alimentar o espírito de hegemonia.
– O trabalhador da vinha, disse Bittencourt Sampaio, é sempre amparado. A Federação pode estar errada na sua propaganda doutrinária, mas possui a Assistência aos Necessitados, que basta por si só para atrair sobre ela as simpatias dos servos do Senhor.
– De acordo. Mas a Assistência aos Necessitados está adotando exclusivamente a Homeopatia no tratamento dos enfermos, terapêutica que eu adoto em meu tratamento pessoal, no de minha família e recomendo aos meus amigos, sem ser, entretanto, médico homeopata. Isto aliás me tem criado sérias dificuldades, tornando- me um médico inútil e deslocado que não crê na medicina oficial e aconselha a dos Espíritos, não tendo assim o direito de exercer a profissão.
– E por que não te tornas médico homeopata? disse Bittencourt.
– Não entendo patavinas de Homeopatia. Uso a dos Espíritos e não a dos médicos.
Nessa altura, o médium Frederico Júnior, incorporando o Espírito de S. Agostinho, deu um aparte:
– Tanto melhor. Ajudar-te-emos com maior facilidade no tratamento dos nossos irmãos.
– Como, bondoso Espírito? Tu me sugeres viver do Espiritismo?
– Não, por certo! Viverás de tua profissão, dando ao teu cliente o fruto do teu saber humano, para isso estudando Home
opatia como te aconselhou nosso companheiro Bittencourt. Nós te ajudaremos de outro modo: Trazendo- te, quando precisares, novos discípulos de Matemática . .
SENHOR DESMANIPULADOR
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Quinta-feira, 17.05.12
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O Amigo da Onça cartoon
Quinta-feira, 17.05.12
O Amigo da Onça as cartoon os desenhos humor e logo abaixo um pequeno texto sobre o criador do amigo da onça
O Amigo da Onça
É imperdível, a galeria de O Amigo da Onça que se pode apreciar visitando um endereço recebido de mão amiga, onde se reune uma quantidade significativa de cartoons que fizeram história na revista brasileira O Cruzeiro.
Mas quem foi O Amigo da Onça? Passamos a palavra ao nosso amigo (e companheiro de risco) Lailson de Holanda Cavalcanti, traduzindo do seu livro "História del Humor Gráfico en el Brasil" (Editorial Milénio - Lleida, Espanha):
Como surgiu o nome
«A mais importante personagem da história do humor gráfico brasileiro do século XX é, sem dúvida, O Amigo da Onça, criado por Péricles de Andrade Maranhão, desenhador pernambucano nascido na cidade do Recife em 1924. A expressão "amigo da onça" provém de uma anedota popular na qual dois amigos se encontram e começam a falar de caça. O primeiro pergunta:
- Compadre, se estivesses na selva e te aparecesse uma onça, o que farias?
- Pegava na minha carabina e disparava um balázio.
- Mas, se não tivesses carabina?
- Utilizaria a minha pistola
- E se não tivesses pistola?
- Usaria uma navalha
- Mas, e se não tivesses navalha?
- Trepava para cima de uma árvore.
- E se não tivesses uma árvore perto?
- Um momento, compadre...! Tu és meu amigo ou és amigo da onça?
Como surgiu o cartoon
Leão Gondim de Oliveira era director da revista O Cruzeiro no final dos anos quarenta e teve a ideia de criar uma personagem similar ao argentino Enemigo del Hombre, titulada O Amigo da Onça.
Leão promoveu um concurso interno entre os desenhadores da revista que dirigia e os de outras publicações como A Cigarra.
O vencedor do concurso foi um jovem desenhador que já tinha publicado historietas da personagem Oliveira o Trapalhão na Cigarra.
Com a nova personagem de grandes olhos, bigode e roupa de bon vivant, Péricles converteu-se subitamente no desenhador humorístico mais famoso do país, com apenas 19 anos de idade.
O Amigo da Onça representava um humor simples, quase naïf, mas o traço era de um perfeccionismo absoluto. A linha clara de Péricles e o colorido aplicado ao desenho, que semanalmente preenchia uma página, foram um êxito imediato.
.
Ser feliz com a desgraça dos outros
O protagonista estava sempre a colocar alguém em situação difícil, mas saía sempre airosamente. A desgraça dos outros era a sua felicidade.
O êxito do Amigo da Onça foi absoluto em todo o Brasil: máscaras de carnaval, bonequitos e reproduçõoes diversas apareciam em todas as casas e em todos os locais, embora Péricles nada recebesse por isso.
Na sua vida pessoal, o artista não era propriamente feliz. Alcançou o êxito muito cedo, quando era pouco mais do que um menino que abandonara o Recife para tentar a sua sorte no Rio de Janeiro, depois de vencer um concurso de desenhos para cartazes do departamento de trânsito da sua cidade. Como não tinha obtido nenhum curso superior, a sua educação era incompleta e isso, provavelmente, fá-lo-ia sentir-se inferior aos outros jornalistas de O Cruzeiro. Procurava sempre a companhia da gente do povo, não a dos intelectuais ou dos literatos.
Estêvão continuou
O alcoolismo foi outro problema constante que afectou a sua vida conjugal, acabando por destruir o seu casamento. Na noite de Ano Novo de 1961, suicidou-se. O seu amigo Carlos Estêvão foi encarregado pela revista de dar continuidade a O Amigo da Onça, mantendo sempre ao lado da sua assinatura a nota: "Uma criação imortal de Péricles».
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Mas quem foi O Amigo da Onça? Passamos a palavra ao nosso amigo (e companheiro de risco) Lailson de Holanda Cavalcanti, traduzindo do seu livro "História del Humor Gráfico en el Brasil" (Editorial Milénio - Lleida, Espanha):
Como surgiu o nome
«A mais importante personagem da história do humor gráfico brasileiro do século XX é, sem dúvida, O Amigo da Onça, criado por Péricles de Andrade Maranhão, desenhador pernambucano nascido na cidade do Recife em 1924. A expressão "amigo da onça" provém de uma anedota popular na qual dois amigos se encontram e começam a falar de caça. O primeiro pergunta:
- Compadre, se estivesses na selva e te aparecesse uma onça, o que farias?
- Pegava na minha carabina e disparava um balázio.
- Mas, se não tivesses carabina?
- Utilizaria a minha pistola
- E se não tivesses pistola?
- Usaria uma navalha
- Mas, e se não tivesses navalha?
- Trepava para cima de uma árvore.
- E se não tivesses uma árvore perto?
- Um momento, compadre...! Tu és meu amigo ou és amigo da onça?
Como surgiu o cartoon
Leão Gondim de Oliveira era director da revista O Cruzeiro no final dos anos quarenta e teve a ideia de criar uma personagem similar ao argentino Enemigo del Hombre, titulada O Amigo da Onça.
Leão promoveu um concurso interno entre os desenhadores da revista que dirigia e os de outras publicações como A Cigarra.
O vencedor do concurso foi um jovem desenhador que já tinha publicado historietas da personagem Oliveira o Trapalhão na Cigarra.
Com a nova personagem de grandes olhos, bigode e roupa de bon vivant, Péricles converteu-se subitamente no desenhador humorístico mais famoso do país, com apenas 19 anos de idade.
O Amigo da Onça representava um humor simples, quase naïf, mas o traço era de um perfeccionismo absoluto. A linha clara de Péricles e o colorido aplicado ao desenho, que semanalmente preenchia uma página, foram um êxito imediato.
.
Ser feliz com a desgraça dos outros
O protagonista estava sempre a colocar alguém em situação difícil, mas saía sempre airosamente. A desgraça dos outros era a sua felicidade.
O êxito do Amigo da Onça foi absoluto em todo o Brasil: máscaras de carnaval, bonequitos e reproduçõoes diversas apareciam em todas as casas e em todos os locais, embora Péricles nada recebesse por isso.
Na sua vida pessoal, o artista não era propriamente feliz. Alcançou o êxito muito cedo, quando era pouco mais do que um menino que abandonara o Recife para tentar a sua sorte no Rio de Janeiro, depois de vencer um concurso de desenhos para cartazes do departamento de trânsito da sua cidade. Como não tinha obtido nenhum curso superior, a sua educação era incompleta e isso, provavelmente, fá-lo-ia sentir-se inferior aos outros jornalistas de O Cruzeiro. Procurava sempre a companhia da gente do povo, não a dos intelectuais ou dos literatos.
Estêvão continuou
O alcoolismo foi outro problema constante que afectou a sua vida conjugal, acabando por destruir o seu casamento. Na noite de Ano Novo de 1961, suicidou-se. O seu amigo Carlos Estêvão foi encarregado pela revista de dar continuidade a O Amigo da Onça, mantendo sempre ao lado da sua assinatura a nota: "Uma criação imortal de Péricles».
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